No negócio, a Vitol adquiriu 50 por cento da Rodoil, que tem a maior participação dentre as empresas regionais do Sul do Brasil, com 6,7 por cento, perdendo na região para as grandes BR Distribuidora, controlada pela Petrobras, Raízen, uma joint venture da Shell com a Cosan, e Ipiranga, do Grupo Ultra.
“A negociação durou uns seis meses, nós já havíamos sendo sondados por algumas empresas“, revelou Tonietto, sem revelar os valores da aquisição. Com base no bom interesse na Rodoil, ele acredita que outras companhias internacionais poderão ainda investir no setor de distribuição no país, trazendo capital e experiência para contribuir com uma consolidação das menores empresas.
A porta de entrada para estrangeiras, segundo Tonietto, foi aberta após o Cade ter vetado, no ano passado, a compra pela Ipiranga da Ale, que acabou tendo uma participação majoritária adquirida pela Glencore, uma das maiores tradings de commodities do mundo.
“O setor de combustíveis tem as três grandes e naturalmente elas estavam consolidando as menores. Com a decisão do Cade… ficou um nicho nesse mercado que as empresas de fora vieram para preencher… Então acredito que três ou quatro empresas menores devem tomar posição de consolidar outras com apoio de empresas de fora“, disse Tonietto.
O executivo ponderou, no entanto, acreditar que o mercado terá distribuidoras menores mais fortalecidas e estruturadas, mas não do tamanho das maiores. No caso da Rodoil, Tonietto reafirmou em entrevista que em um primeiro momento irá buscar crescer no Sudeste e Centro-Oeste, além de se fortalecer no Sul. Atualmente a empresa tem mais de 300 postos com sua marca e fornece para outros 1.400 postos.
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CENÁRIO ELEITORAL
O investimento da Vitol ocorreu apesar do cenário eleitoral do Brasil indefinido e em meio a um programa de subsídio ao diesel, lançado em junho, que vem sendo apontado por empresas do setor como uma intervenção do governo e um inibidor de investimentos. Tonietto declarou que o mercado brasileiro de combustíveis é o sexto maior globalmente e que a Vitol sabe do risco de investir “em países do terceiro mundo”.
“(A Rodoil) não é uma empresa grande, mas eles têm uma visão que, começando com uma pequena, essa empresa pode crescer, e acho que calcularam o risco… Eles acreditam no Brasil, no potencial de consumo que tem, e a visão deles não é curto, é sempre longo prazo”, afirmou.
No entanto, é preciso aguardar o próximo ano para definir investimentos. “Acho que agora é um pouquinho de precaução para ver o que acontece e depois sim, colocar no papel planos de expansão e investimentos.” Tonietto fez coro com outras empresas ao afirmar que o atual programa de subsídios está inviabilizando importações por empresas privadas, uma vez que não remunera adequadamente as operações.
Segundo ele, antes do programa, no ano passado, a empresa chegou a fazer compras de combustíveis no exterior. O executivo também explicou que neste ano a economia cresceu muito menos do que a empresa esperava, o que impactou as vendas de combustíveis.
Neste ano, a Rodoil deverá faturar 5 bilhões de reais, ante cerca de 4,2 bilhões no ano passado. O leve crescimento, segundo Tonietto, é devido ao aumento de preços. O volume, ele explicou, deverá ficar estável ante 2017, por volta dos 1,3 milhão de metros cúbicos no ano.
Com o acordo com a Vitol, que ainda precisa da aprovação do órgão antitruste brasileiro (Cade), Tonietto permanecerá presidente e as decisões serão tomadas por um Conselho de Administração, que será formado por três cadeiras da Rodoil e três da companhia holandesa.
Fonte: www.terra.com.br