Aditivar o álcool não passa de uma bem bolada jogada de marketing que dá lucro aos postos e prejuízo aos motoristas
Enquanto outros veículos de comunicação aproveitam o fim do ano para atribuir prêmios os mais variados disso ou daquilo, dos eleitos, escolhidos ou favoritos, o AutoPapo segue etanol aditivado outra direção e concede o troféu Pinóquio de Ouro à maior mentira do ano. É disparado o menos cobiçado título do setor automobilístico, que este ano vai para… a BR Distribuidora.
A primeira marca a oferecer etanol aditivado foi a Shell. Ela reinou sozinha com sua mentira durante anos, até que a BR Distribuidora decidiu entrar no jogo e lançou o mesmo produto este ano. Por uma questão de gentileza, a BR poderia dividir com a Shell os louros.
Vale a pena observar que, enquanto a Petrobras deteve o controle acionário da BR, ela jamais abandonou sua postura ética e não apelou para faturar uns trocados adicionais às custas do já combalido bolso do motorista. Preferiu manter-se distante da mentira….
Por que nenhuma outra marca tem o etanol aditivado em seus postos? Por ele ser rigorosamente desnecessário.
Por que então se recomenda a gasolina aditivada?
Há uma diferença substancial entre gasolina e etanol: o combustível fóssil tem elevado teor de carbono, acima de 80%, que resulta em depósitos carboníferos durante sua combustão, dentro do motor. Já o álcool tem um reduzido teor de carbono, cerca de 1/3 da gasolina e, ao ser queimado no motor, praticamente não deixa resíduos de carbono.
Qual o problema dos depósitos carboníferos? Eles devem ser evitados pois se tornam incandescentes quando se eleva a temperatura na câmara de combustão e podem provocar a queima da mistura antes mesmo da faísca na vela. É o fenômeno da pré-ignição, uma das mais perigosas combustões irregulares. Quando ela ocorre, o motor perde potência além de aumentar consumo e emissões.
Pode eventualmente até quebrar o pistão e todo o motor. Daí a importância dos aditivos detergentes e dispersantes da gasolina: para manter a câmara de combustão limpa e livre de depósitos.
Então, é importante aditivar a gasolina mas irrelevante acrescentar aditivos ao etanol, pois ele é um combustível muito mais “limpo”. Tanto que os aditivos do etanol são anunciados principalmente como antioxidantes e lubrificantes.
Para limpar o quê?
Mas tanto a Shell como a BR Distribuidora anunciam também a presença de aditivos dispersantes e detergentes no etanol. Para limpar o quê?
O etanol aditivado é uma excelente jogada de marketing pois vai no “vácuo” da gasolina aditivada. Na cabeça do motorista, se é importante e recomenda-se a aditivação da gasolina, ele então imagina que o motor deve igualmente agradecer o etanol aditivado no tanque.
A rigor, não se está jogando dinheiro no lixo ao abastecer com ele: alguns de seus aditivos poderiam até oferecer algumas vantagens, mas não passa de um “luxo” e a mentira se caracteriza ao induzir o motorista a pensar que, assim como a gasolina, o uso do etanol sem aditivo poderá prejudicar o motor.
Mecânicos que lidam com motores afirmam que são diametralmente opostas as aparências de motores flex abertos depois de rodarem algumas dezenas de milhares de quilômetros.
É perceptível a diferença entre os que usaram gasolina sem aditivo, com aditivo ou etanol comum. Segundo eles, a limpeza da combustão do combustível verde é visível e indiscutível.
Etanol aditivado é bom para o posto e para a distribuidora. Para o carro, mal não faz, exceto para o bolso de seu proprietário!
Fonte: Auto Papo
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