A Petrobras deu início ao processo de venda de todas as suas ações na BR Distribuidora, marcando a primeira privatização de uma estatal via Bolsa de Valores.
Com a operação, que movimentou mais de R$ 11,4 bilhões, a maior rede de postos de combustíveis do país vai somar mais de dois mil investidores institucionais e mais de 60 mil pessoas físicas. Destaca-se nessa lista o ex-banqueiro e ex-deputado federal Ronaldo Cezar Coelho.
Por meio do Fundo Samambaia, que controla, ele pretende chegar a 10% do capital da BR e investir ao todo R$ 2,5 bilhões até dezembro.
? Com isso, será o maior investidor da BR, como já é na Light, da qual detém 20% do capital.
Uma cerimônia com toque de campainha marcou o início da venda das ações da distribuidora de combustíveis na B3. Esta contou com a presença do presidente da BR, Wilson Ferreira. Os papéis fecharam com alta de 2,76%, a R$ 29,39.
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Minha ideia inicial era ter 5% das ações, e quando estava em 4% ocorreu o follow on. O papel estava muito subavaliado pelo mercado. A saída da Petrobras abre movimentos estratégicos e destrava o valor da BR. Pedimos 50 milhões de ações e recebemos 46 milhões, que é quase 4% (R$ 1,2 bilhão). Agora, o fundo tem 7,95%. A ideia é ir a 10% na BR e investir ao todo R$ 2,5 bilhões.
Acho que com 10% serei o maior acionista, mas isso não é importante. A ideia é comprar essas ações restantes na BR no mercado este ano.
Qual é a estratégia na BR? Meu interesse é ver a BR investindo em projetos de responsabilidade ambiental. Na contramão do seu modelo de negócios, que é a distribuição de combustíveis, tem que ter um grande projeto de sequestro de carbono. Tem que ser a BR Florestas. Temos que fazer um projeto de 20 anos de plantar florestas e produzir água, com recuperação, por exemplo, da Mata Atlântica.
? A empresa tem quase oito mil postos, e esses espaços têm que ser vistos como postos de serviços ambientais. Isso vai trazer valor para a empresa.
O que a saída da Petrobras vai representar para a BR? A BR tem seu plano de diversificação, de fusões e aquisições. Isso tudo está destravado a partir da plena privatização, que só foi completada agora. E todos os acionistas são iguais e buscam exercer influência. O mercado reagiu (com alta nas ações), mas a BR ainda está muito desvalorizada. A empresa tem muito potencial.
Pretende entrar no Conselho de Administração? Não, mas quero estar próximo do Conselho e defender essa agenda ambiental.
Por que investir em energia em meio à crise hídrica? No fundo somos culpados, pois isso é uma crise de clima. A sociedade é culpada. Hoje, o país está mais bem preparado. Mas vamos sofrer muito com essa crise. Vai haver uma consciência de redução de consumo, nem que seja via preço. A saída é usar menos ar-condicionado. Mesmo sendo sócio da Light, temos que economizar energia.
Como assim? Não existe sentido falar do “gato” como sendo do pobre, preto e favelado. Isso está errado. Temos um problema de renda. E as autoridades estão sensibilizadas, como o governo do Estado do Rio e a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), de que temos que criar uma tarifa popular. A tarifa básica hoje tem dentro dela 31% de ICMS.
Temos um consumidor atacado pelo desemprego e pela redução da renda familiar. Tem que ter algo criativo, que é ter uma tarifa popular de energia na qual o ICMS seja o mínimo possível. E o Rio pode reduzir o ICMS para 12%. Abaixo disso, só com autorização do Confaz (Conselho Nacional de Política Fazendária). É melhor receber o custo que você paga pela energia de Itaipu do que ter 100% de perda. Esse é um caminho. É a minha visão. São 600 mil consumidores que desertaram do sistema.
Com a BR, qual é a estratégia para o Fundo Samambaia? Começamos uma nova fase. Antes tínhamos uma posição defensiva. Éramos um fundo de fundos. Chegamos a ter 17 gestores e nos beneficiamos dessa universidade aberta que é o Leblon. Há dois meses saímos de diversos fundos. Agora, passamos a ter uma atividade mais concentrada: Light, BR e Energisa.
BR Distribuidora (BRDT3): lucro líquido de R$ 492 milhões no 1T21, avanço de 110,3%
A BR Distribuidora registrou lucro líquido de R$ 492 milhões no primeiro trimestre de 2021, avanço de 110,3% na comparação anual.
A receita líquida nos três primeiros meses do ano atingiu R$ 26,133 bilhões, o que equivale a uma alta de 23,3%, em comparação com o primeiro trimestre de 2020 e de 7,6% em comparação com o último trimestre do ano passado.
O ebitda – lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização – ajustado ficou em R$ 1,182 bilhão entre janeiro e março desse ano, ante R$ 545 milhões anotados no mesmo período em 2020. A margem Ebitda ajustada, por sua vez, passou de 2,6% no primeiro trimestre do ano passado, para 4,5% no primeiro trimestre desse ano.
Além disso, a companhia destaca que na comparação anual, houve um crescimento de 1,6% no volume total vendido, para 9,337 milhões de metros cúbicos, “principalmente em razão das maiores vendas de diesel (+9,5%), de produtos Ciclo Otto (+8,6%) e Óleo Combustível (+67,4%), estes que foram parcialmente compensados, entre outros, pelas menores vendas de produtos de Aviação (-12%), setor ainda sobre forte impacto da Pandemia do COVID-19, além de menores vendas de coque (-35,6%)”.
⛽ O volume de vendas na rede de postos cresceu 9,6%, para 5,430 milhões de metros cúbicos, ao passo que o volume de vendas para o B2B caiu 6,7%, para 3,175 milhões de metros cúbicos, na comparação anualizada. Já no mercado de aviação, houve uma queda de 12,1%, na mesma base comparativa, para 732 mil metros cúbicos.
Em relação ao segmento de aviação, a BR Distribuidora destaca que “os volumes do segmento de aviação se mantiveram praticamente constantes na comparação QoQ e apresentaram uma redução de -12,1% na comparação YoY, refletindo ainda os fortes impactos de redução de voos devido à pandemia da COVID-19”.
Fundo Samambaia: maior acionista
A BR Distribuidora informou em comunicado ao mercado que o Samambaia Master Fundo de Investimento em ações, gerido pelo ex-banqueiro Ronaldo Cezar Coelho, passou a deter 92.621.000 ações ordinárias de emissão da companhia. O volume é equivalente a 7,95% do capital social da companhia.
Coelho é um dos maiores investidores da Bolsa brasileira, e se tornou com a aquisição o maior acionista da distribuidora.
Bons ventos
Agora com o capital completamente pulverizado na Bolsa brasileira e sem a presença de um sócio do setor público, a expectativa do mercado está em torno dos ganhos com a nova gestão da BR Distribuidora, que está sob o comando de Wilson Ferreira Júnior, que assumiu o leme em março, após deixar a Eletrobras.
Com um novo perfil, a empresa tende a ganhar musculatura para manter a disputa pelo primeiro lugar nesse mercado. Conforme o último boletim de abastecimento, da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a BR possui cerca de 23% de participação, seguida de perto da Raízen (20,5%) e da Ipiranga (19,3%). / com Agência Estado.
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BR Distribuidora será empresa de energia e não só de combustível, afirma presidente
Após saída definitiva da Petrobrás do negócio, Wilson Ferreira Júnior diz que companhia irá caminhar a passos largos na meta de se preparar para a transição energética.
Agora uma empresa com o capital totalmente pulverizado na Bolsa de Valores, após a Petrobrás acabar de vender toda a sua participação, a BR Distribuidora caminhará a passos largos para se preparar para a transição energética, afirma o presidente da rede de distribuição de combustíveis, Wilson Ferreira Júnior, que assumiu o comando da empresa em março, depois de deixar a estatal Eletrobrás. “Vamos ser uma empresa de energia e não só de combustível”, afirmou ele ao Estadão.
Segundo Ferreira, ao longo desse processo de saída da Petrobrás, os investidores buscaram informações sobre os planos de curto prazo da empresa, que incluem a expansão da fábrica de lubrificantes e ampliação da logística de combustível.
Além disso, as reuniões que ocorreram durante duas semanas tiveram também abordaram o posicionamento de mais longo prazo da empresa frente à transição energética – quesito no qual o executivo garante que a BR está à frente de seus concorrentes.
O mercado de distribuição é bastante competitivo no Brasil. Conforme o último boletim de abastecimento, da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a BR tem cerca de 23% de participação, seguida de perto pela Raízen, licenciada da marca Shell (20,5%), e pela Ipiranga (19,3%).
Para o presidente da BR, apesar de os dados mostrarem as empresas brigando cabeça a cabeça pela primeira posição, a BR tem hoje o menor custo do setor e baixo endividamento, estando pronta para acessar o mercado se houver necessidade de mais recursos para arcar com investimentos.
No cenário de transição energética, com a chegada de carros elétricos, por exemplo, os postos de combustíveis precisarão estar prontos para suprir essa nova demanda, se adaptando para abastecer a frota que se alimentará de energia elétrica. “Em primeiro lugar, temos de estar bem posicionados em energia elétrica. Em segundo, em GNL (gás natural liquefeito)“, explica.
A relação com a Petrobrás, que agora se resume à esfera comercial, segue positiva. “Somos o maior comprador da Petrobrás”, frisa o executivo.
Diagnóstico
Para ter em mãos um estudo detalhado sobre a companhia que o executivo assumiu há poucos meses, a BR contratou a consultoria BCG (Boston Consulting Group), que a apoiará nessa revisão estratégica. Esse processo deverá ser concluído em cerca de um mês e meio.
Nesse processo, afirma Ferreira, há pontos que de imediato precisam ser trabalhados, de olho no ganho de eficiência. Um que chama atenção são as 1,2 mil lojas de conveniência da empresa, que hoje não agregam ganhos ao resultado da companhia.
A virada de chave, segundo ele, já está em curso, com a recente parceria firmada com as Lojas Americanas, por meio das redes Local e BR Mania. Elas formarão uma joint venture e dividirão a sociedade em 50%. Já está nos planos a abertura de mais mil lojas – hoje, apenas 25% dos postos da BR têm operação de varejo, enquanto no exterior o índice de redes semelhantes chega facilmente a 60%.
Para os analistas do UBS, a BR começa, após o desinvestimento da Petrobrás, um novo capítulo. “Com a venda concluída, acreditamos que a BR está pronta para materializar o desempenho positivo esperado de todas as melhorias operacionais que obteve desde a privatização”, diz o documento assinado pelo analista Luiz Carvalho.
Já Heloise Fernandes Sanchez, da Terra Investimentos, afirma que a saída da Petrobrás abre “caminho para que a empresa entre em outros segmentos do setor de óleo e gás, inclusive podendo virar uma concorrente da Petrobrás”.
Existem ai uma hiato entre o fornecedores de gás e gasolina hoje os postos distribuir gasolina e demais combustível porém existe um espaço pra que o mesmo possa distribuir gás de cozinha pois desse jeito poderia baixar o preço do botijão de gás.
A mídia afirma que os postos da BR Distribuidora, vendida por Bolsonaro, têm gasolina mais cara do Brasil!