Com os constantes aumentos do teor de biodiesel* no óleo diesel de uso rodoviário, torna-se imprescindível, o maior rigor das boas práticas de manuseio e armazenamento desse combustível.

*O biodiesel é obrigatoriamente adicionado ao óleo diesel de uso rodoviário (diesel S10 e diesel S500) e está prevista na Resolução 16, de 2018, do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), que autoriza a ANP a elevar esse percentual até 15%, o que deverá ocorrer até 2023. O último aumento ocorreu no início de março deste ano e chegou aos 13%. A adição do biodiesel no diesel marítimo é PROIBIDA, devido suas condições de uso.

 ⛽ Mistura de biodiesel ao diesel rodoviário – Evolução:

  • Jan/2008 – 2%
  • Jul/2008 – 3%
  • Jul/2009 – 4%
  • Jan/2010 – 5%
  • Ago/2014 – 6%
  • Nov/2014 – 7%
  • Mar/2017 – 8%
  • Mar/2018 – 10%
  • Mar/2019 – 11%
  • Mar/2020 – 12%
  • Mar/2021 – 13%

▶ A princípio, os principais focos de degradação do óleo diesel que levam à formação de depósitos e borras, estão descritos abaixo.

  1. Contaminação por água
  2. Contaminação microbiana
  3. Degradação por envelhecimento ou oxidação
  4. Incompatibilidade e corrosão de materiais

Irei me ater aos mais comumente encontrados em campo:

1️⃣ Contaminação por água: A presença de água no diesel pode se apresentar de duas formas distintas: LIVRE – quando acumulada no fundo do tanque e/ou DISSOLVIDA, isto é, quando misturada ao óleo diesel, causando o aspecto TURVO.

❌ Ambas as formas implicam em uma série de problemas, como falhas no desempenho do motor, desgastes do sistema de injeção, corrosão e contaminação microbiana, causando entupimentos de filtros.

Devido à elevada higroscopicidade do diesel, alinhada à adição do biodiesel, ocorre naturalmente uma maior absorção de águaA presença de água deve ser evitada ao máximo, motivo pelo qual deve-se realizar verificações constantes nos tanques de armazenamento, pois a água irá desencadear uma série de problemas, já relatados acima. A ação da água desencadeia processos de corrosão que comprometem, com muita rapidez, todo o sistema de injeção.

 A água é o maior problema do combustível.

2️⃣ Contaminação Microbiana: Microrganismos estão presentes em todos os lugares, inclusive nos combustíveis. Na presença de água, estes encontram as condições ideais para seu desenvolvimento. Um tanque contaminado com microrganismos é identificado facilmente pela presença de um borra microbiana que se concentra na interface óleo–água.

Uma das formas mais efetivas de se evitar o desenvolvimento microbiano é o controle da presença de água no tanque. Dentre as medidas físicas de controle, a implementação de rotinas semanais de drenagem é o procedimento mais simples, sem custos e muito eficaz. Outra medida é manter o tanque cheio de combustível, de forma a diminuir a área de contato entre o combustível e a umidade presente no ar.

Você sabe como manter a QUALIDADE do óleo diesel? Parte II

3️⃣ Envelhecimento / oxidação

Um combustível pode ser considerado estável ao armazenamento, quando não sofre alterações físico-químicas com sérias consequências para a sua utilização.

Os tipos  de degradação mais comumente encontrados no campo são o envelhecimento (instabilidade oxidativa) e a degradação Hidrolítica (degradação por presença de água).

Sabe-se que o diesel como material orgânico, envelhece com o tempo, apresentando maior ou menor estabilidade à oxidação dependendo do seu manuseio, armazenamento e uso.

Esta degradação, pode levar à formação de borras e sedimentos químicos, aumento na viscosidade e consequente entupimento de filtros.

O combustível com essas características não deve ser usado.

Lembro aqui e enfatizo, a contribuição nociva da água para a oxidação e degradação do diesel.

Além disso, as insaturações presentes no biodiesel favorecem reações com oxigênio, gerando peróxidos que progridem para ácidos, formando também sedimentos e borra química. O calor e a luz solar aceleram ainda mais esse processo. Os combustíveis tendem a oxidar-se e sofrer um processo de degradação porque há presença de oxigênio nos espaços vazios dos tanques.

Assim, manter o tanque cheio, garantir uma rotatividade e atenção às drenagens periódicas ajudam a aumentar a sua durabilidade, ou seja, manter as condições de uso por mais tempo.

▶ Borras

Conforme já destacado, o processo de oxidação (ou envelhecimento) pode deflagrar a formação de pequenos grãos de polímeros, notadamente na fase terminal do processo de oxidação,* resultando em problemas de perda de fluidez, entupimentos, redução da capacidade de filtração e de injeção nos sistemas de injeção eletrônica de veículos, máquinas e motores à diesel.

Isso é evidenciado em sistemas veiculares fora de estrada (mineração, construção, geração de energia), industriais e agrícolas que permanecem longos períodos paralisados, ou em veículos que ficam muito tempo estacionados em parques de montadoras, em que o combustível permanece estagnado e sujeito ao conjunto de degradações anteriormente mencionados.

▶ Equipamentos de longa parada

Alguns equipamentos são sujeitos a longos períodos sem utilização. É o caso de equipamentos em primeiro enchimentogeradores de emergênciacolhedoras, equipamentos em reparo, ônibus escolares em período de férias etc.

Algumas medidas podem prevenir problemas decorrentes de sua baixa ou intermitente utilização. Pede-se observar as recomendações constantes do manual do usuário. Os equipamentos que param para reparo podem passar por situações em que se aguarda a peça para a substituição por mais de 30 dias.

Recomenda-se, nesses casos, encher completamente o tanque para diminuir o contato do combustível com o oxigênio e a umidade presente no ar. Se o período sem utilização do equipamento for muito longo, o combustível precisa ser substituído, ou ainda, se a previsão de reparo for de muito tempo, pode-se alternativamente, deixar o equipamento sem combustível.

Essa alternativa pode ser adotada também no início da parada, mas traz os inconvenientes de que o equipamento não pode ser ligado durante a parada, além da possibilidade de peças internas do sistema de injeção iniciarem o processo de oxidação pela falta de proteção do combustível.

Os equipamentos de emergência como os geradores “stand by” devem ter seu combustível substituído ou totalmente consumido a cada 30 dias para que se garantam as condições de uso, sobretudo por se tratar de acionamento obrigatório diante de situações de necessidade extrema.

4️⃣ Armazenamento

De maneira geral, é necessária a adoção de rotinas rígidas de gestão do combustível, tais como a drenagem frequente dos tanques. A frequência dessas rotinas depende das condições e da incidência de problemas, mas nunca deve ser mais espaçada do que semanalmente. Indicações de combustível fora do especificado, como alterações de cor ou turvamento, devem ser considerados motivos de sua substituição e limpeza do tanque, troca dos filtros e avaliação do sistema de injeção.

Diante do aparecimento de borras químicas no fundo de tanques de veículos e biológicas (aspecto gelatinoso) na interface óleo-água, recomenda-se consultar um profissional da área ou empresa especializada.

Os combustíveis de forma geral, não possuem prazo de validade e a manutenção de suas características físico-químicas e qualidade estão diretamente ligadas a forma em que é cuidado em toda a cadeia (transporte, armazenamento e uso).

Escrito por: Ana Lucia Costa – Consultora Técnica de Combustíveis –

Fonte: https://www.linkedin.com/in/ana-lucia-costa-a2731322/

 

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