É preciso avaliar as estruturas em todos os casos. “Não dá para fazer no olhômetro e dizer: a estrutura é boa, aguenta”
Causas do acidente ainda não foram divulgadas, mas a hipótese é de que não houve estudo ou reforço estrutural adequado
A cobertura de um posto de gasolina, que possui um sistema fotovoltaico instalado, desabou na tarde desta segunda-feira (02) na cidade de Baixo Guandu, interior do Espírito Santo. Segundo testemunhas, no momento da queda estava chovendo forte no local do estabelecimento, situado na Avenida Carlos de Medeiros, região central do município. Não houve vítimas.
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As causas do acidente ainda não foram divulgadas, mas, segundo especialistas, a hipótese é que não houve um estudo ou um reforço estrutural adequado que garantisse que a estrutura do posto suportasse o peso dos painéis, acrescido do peso da chuva e mais os esforços de rajadas de ventos.
“Deve-se averiguar se foi feito o laudo estrutural. Caso este tenha sido feito, se foi apontado reforço estrutural e se este foi realizado adequadamente”, analisaram.
Uma fonte ouvida pelo Canal Solar, que foi ao local do desabamento, comentou que possivelmente houve erro na instalação. “As placas estão na frente da estrutura, que seria uma viga de balanço”.
“Geralmente, o posto não tem estrutura, tem que ser feito um reforço para colocar os módulos. Não deve ter sido feito o reforço e também colocaram muito na frente. Se tivessem tentando balancear, jogando mais no meio das colunas, provavelmente não teria acontecido esse acidente”, explicou.
“Foram tirar o sombreamento do sistema instalado no posto, que tem um prédio em volta. No caso, jogaram toda a estrutura na ponta, e acredito que com o peso da estrutura, a chuva, a captação da água na calha, o telhado acabou cedendo”, concluiu
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Reforço estrutural para projetos fotovoltaicos: principais preocupações
É preciso avaliar as estruturas em todos os casos.
“Não dá para fazer no olhômetro e dizer: a estrutura é boa, aguenta”
Um ponto a se destacar é quando agregamos painéis solares e suas estruturas de fixação a telhados.Neste caso, podemos estar adicionando sobrecarga e esforços para os quais eles não estão preparados.
Em meio a este cenário, quais devem ser os maiores pontos de preocupação dos instaladores e integradores de sistemas fotovoltaicos? Reinaldo Burcon, engenheiro de desenvolvimento industrial na Romagnole, comentou que para estruturas paralelas ao telhado, com pequeno distanciamento das telhas, na maior parte das vezes não há esforços aerodinâmicos adicionais, somente o peso da própria estrutura.
De acordo com Rafael Santos, desenvolvedor de negócios no departamento comercial da Asellus, a análise estrutural prévia de telhados metálicos se faz necessária em todos os projetos nos quais o cliente não possui o memorial de cálculo da cobertura ou do galpão.
“São comuns galpões comerciais de médio e pequeno portes e postos de combustíveis onde o cliente não possui projetos estruturais, sendo na maioria das vezes construídos e ampliados com base em experiências de serralherias – e isso aumenta muito o risco de acidentes com sobrecarga. Às vezes ocorrem acidentes sem mesmo a carga de painéis, ou seja, somente com sobrecarga de vento”, explicou.
Na visão de Santos, é crucial a análise prévia de um engenheiro estrutural com base nas normas ABNT antes da instalação dos sistemas fotovoltaicos. “Essa análise deve conter cálculos de sobrecarga para saber se as tesouras, colunas e terças suportam o peso extra. Se não suportarem, o cálculo vai indicar quais melhorias deverão ser feitas antes da instalação do sistema fotovoltaico”.
“Quando há objeção do cliente em realizar as melhorias, o mais prudente é declinar o fornecimento ou buscar outro local alternativo. É melhor vermelhar antes, do que amarelar depois, porque quando o sinistro acontece, ninguém encontra o ‘pai da criança’”, finalizou.
Custo do reforço estrutural
Para ajudar a exemplificar quanto seria o valor do reforço estrutural, Geovani Magalhães, CEO da Mega Solar, conferiu três projetos da empresa. “O preço da estrutura para o reforço do telhado ficou em até 5% do valor do contrato. Por exemplo, uma obra de R$ 500 mil em telhado, a pessoa gastou no máximo até R$ 25 mil”.
O executivo da Asselus também discorreu sobre os custos e disse ser difícil prever, porque cada caso difere do outro. “Porém, é mais viável ajustar o que é necessário que pagar para ver. O prejuízo é dobrado”.
Magalhães compartilha da ideia e enfatizou ser preciso realizar a análise da estrutura em todos os casos. “Não dá para fazer no olhômetro e dizer: a estrutura é boa, aguenta. Tem que ter laudo. Hoje não trabalhamos sem o mesmo. É muito perigoso, sabemos que tem muito cálculo estrutural mal feito”.
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