Frequentemente, somos informados sobre o fechamento ou encerramento das operações de postos de combustíveis
Isso é exemplificado por uma notícia publicada neste portal, que relata o fechamento de nove postos de combustíveis na cidade em menos de dois anos na cidade: https://www.brasilpostos.com.br/noticias/proprietario-do-posto/em-menos-de-2-anos-9-postos-de-combustiveis-fecharam-na-cidade/
No cenário brasileiro, há uma marcante diferença na abordagem dos revendedores de combustíveis em comparação com seus pares nos Estados Unidos e outros países desenvolvidos. Essa discrepância se manifesta em diversos aspectos, desde a avaliação dos
resultados de um posto de gasolina até a ênfase dada à rentabilidade em detrimento do volume de vendas.
No Brasil, a visão tradicional frequentemente prioriza o volume de vendas, com uma atenção menor aos resultados financeiros efetivos. Para muitos revendedores, parece que basta vender uma grande quantidade de litros de combustível mensalmente para alcançar o sucesso. No entanto, essa mentalidade pode ser enganadora.
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Nos Estados Unidos, por exemplo, os revendedores estão mais focados nos resultados financeiros do posto do que no volume bruto de vendas. Afinal, não adianta vender meio milhão de litros de combustível por mês com margem de lucro líquida negativa ou próxima de zero.
Um dos principais problemas enfrentados pelos postos de combustível no Brasil é a falta de análise mensal do lucro líquido. Muitos revendedores não examinam minuciosamente seus números no final de cada mês. Em vez disso, simplesmente aplicam uma margem fixa (geralmente 10% ou 12%) sobre o preço de compra do litro de combustível, sem levar em consideração o histórico de lucro dos meses ou trimestres anteriores.
Um erro comum é manter o CNPJ do posto de combustível junto com o da loja de conveniência. Embora isso possa simplificar a contabilidade, torna difícil determinar se o posto está gerando lucro ou prejuízo. Os resultados positivos da loja de conveniência podem mascarar os resultados negativos do posto, levando a uma interpretação equivocada dos ganhos totais.
Por exemplo, uma loja de conveniência que vende R$ 100.000,00 por mês pode estar gerando um lucro de R$ 25.000,00, enquanto o posto de combustível pode estar operando com um prejuízo de R$ 10.000,00. Isso pode dar a falsa impressão de que o negócio está lucrando R$ 15.000,00 no geral, quando na realidade o prejuízo do posto está sendo encoberto pelos lucros da loja de conveniência.
Para evitar essa armadilha, é aconselhável que os administradores de postos de combustível, caso optem por manter o mesmo CNPJ para a loja de conveniência e o posto, solicitem ao contador que separe informalmente os resultados financeiros de ambos os
segmentos. Isso permitirá que os gestores tenham uma visão clara de qual segmento está gerando lucro ou prejuízo a cada mês ou trimestre, possibilitando a tomada de decisões embasadas para ajustar o rumo do negócio.
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O cálculo da margem líquida de um posto de combustível é simples: basta dividir o lucro líquido ou prejuízo do mês ou trimestre pela receita total e multiplicar por 100. Por exemplo, se um posto vendeu 200 mil litros em um mês, com uma receita de R$1.000.000,00, e obteve um lucro líquido de R$ 15.000,00, o cálculo seria o seguinte: (R$ 15.000,00 ÷ R$ 1.000.000,00) x 100 = 1,5%.
É importante lembrar que o limite máximo de margem líquida estabelecido por lei para postos de combustível que optam pelo regime de lucro presumido é de 1,6%. Portanto, para garantir a saúde financeira de um posto de combustível no Brasil, é essencial adotar uma abordagem mais holística, considerando não apenas o volume de vendas, mas também a rentabilidade e a análise cuidadosa dos resultados financeiros. Isso pode ser a chave para evitar a quebra que afeta muitos postos de combustível no país.
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Este artigo foi escrito por Antonio Fidelis advogado OAB/PR 19759, do Escritório Fidelis & Faustino Advogados associados em parceria com o auditor contábil e tributário de postos de combustíveis Mauro José Pierro Junior do Escritório Pierro Consultoria Ltda.
Fonte: Brasil Postos
AUTOR
Advogado atuante em todo o território brasileiro e sócio-proprietário no escritório Fidelis & Faustino Advogados Associados. Especializado em Direito Empresarial, notadamente nas áreas de estruturação de holdings, falências e recuperação judicial e contratos; Direito Bancário; Direito Administrativo (CADE – ANP – PROCON – IBAMA); Direito Civil, especialmente nas áreas de contratos, revisionais e renovatórias. Especializado em postos revendedores de combustíveis. É colunista do Blog do Portal e Academia Brasil Postos.
Foi Conselheiro da Ordem dos Advogados do Brasil e Professor. Trabalhou por 15 anos no setor de distribuição de combustíveis, atendendo postos revendedores e grandes indústrias. Desde o ano 2000 presta serviços advocatícios para os postos revendedores filiados ao Sindicato dos Postos Revendedores do Paraná (Paranapetro).