A Proposta de Aumento da Mistura de Etanol na Gasolina: Perspectivas e Desafios
Recentemente, o Brasil tem se envolvido em testes para aumentar a mistura de etanol na gasolina, passando de 27,5% para 30%. Essa mudança está sendo discutida no contexto da Lei Combustível do Futuro (14.993/2024). Se aprovada, essa alteração pode resultar em um aumento significativo na produção de biocombustível, estimando-se cerca de 1,3 bilhão de litros adicionais de etanol anidro.
Ouça este artigo
Impacto no Preço da Gasolina
A indústria sucroenergética acredita que essa mudança pode levar a uma redução nos preços da gasolina. Mário Campos, presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais, destaca que a carga tributária sobre o etanol anidro é menor em comparação à gasolina pura, resultando em um alívio financeiro para os motoristas. No entanto, ele alerta que o aumento na mistura pode levar a um crescimento no consumo de combustível, dependendo do tipo de motor de cada veículo. Embora os preços possam cair, os motoristas podem acabar utilizando mais combustível, equilibrando os custos. Para entender mais sobre as variações de preço, confira as recentes preocupações sobre o aumento dos preços dos combustíveis.
Capacidade de Produção e Expansão do Etanol
Mário Campos assegura que o setor já possui a capacidade necessária para atender a essa nova demanda. O Brasil tem visto um crescimento na produção de etanol, especialmente a partir do milho, que se junta ao etanol derivado da cana-de-açúcar. De acordo com dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia, na safra de 2023/2024, o etanol produzido a partir do milho representou 18,7% do total no país. Campos menciona que não há riscos, pois o governo implementará essa mistura apenas se houver viabilidade técnica e oferta suficiente do produto. O Brasil encerrou o ano batendo recordes no mercado de combustíveis, com o etanol sendo um grande destaque.
Testes e Avaliações Técnicas
Os testes para avaliar o aumento da mistura de etanol na gasolina estão sendo conduzidos pelo Instituto Mauá de Tecnologia, designado pelo Ministério de Minas e Energia. As avaliações, que ocorrem em janeiro e fevereiro, focam na análise de emissões de gases poluentes e os impactos em veículos de diferentes idades e tecnologias. Renato Romio, responsável pela Divisão de Motores e Veículos do Instituto, enfatiza a importância de garantir que a nova composição não cause danos mecânicos aos automóveis. Os resultados preliminares desses testes devem ser entregues ao ministério até o primeiro trimestre de 2025. O ministério já definiu protocolos para esses testes.
Preocupações com Veículos Mais Antigos
Um ponto de preocupação levantado pelos especialistas é que veículos mais antigos, fabricados há mais de 15 anos, podem não ser compatíveis com a nova mistura de combustível. O excesso de etanol pode provocar corrosão em componentes do motor e nas borrachas de vedação, além de causar falhas na ignição. Em casos extremos, isso pode levar os veículos a pararem de funcionar, representando um desafio significativo para motoristas que dependem de automóveis mais antigos. Para mais informações sobre a compatibilidade dos veículos com a nova gasolina, é importante verificar os detalhes sobre a nova gasolina E30 que será lançada em abril.
Divergência de Opiniões
Contrapondo-se à visão otimista do setor sucroenergético, o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro) expressa preocupações sobre a possibilidade de aumento nos preços da gasolina. O sindicato argumenta que o etanol anidro já representa cerca de 14% do preço final da gasolina. Eles alertam que, com um aumento na demanda, o preço de produção do etanol pode subir. Em 2024, o custo por litro do etanol anidro aumentou 41,5%, passando de R$ 2,12 para R$ 3,00. Para entender melhor como esses aumentos podem afetar o bolso do consumidor, é fundamental acompanhar as notícias sobre os reajustes de combustíveis.