No mundo corporativo, a expressão da ˜Teoria do Cavalo Morto” é baseada numa antiga lenda dos índios Dakota, que supostamente diziam: “quando você descobrir que está cavalgando em um cavalo morto, a melhor estratégia é desmontar”.

Essa metáfora é bastante utilizada para ilustrar a insistência em estratégias falidas. De forma satírica, ela nos ensina uma lição valiosa: se você está montado em um cavalo morto, a atitude mais sensata é descer e buscar alternativas. Apesar da simplicidade desse conceito, muitas empresas e gestores continuam a “montar” em estratégias ou projetos fracassados, investindo tempo e recursos desnecessários ao invés de tomar decisões pragmáticas e eficazes.

Estudos mostram que cerca de 70% das iniciativas de transformação organizacional falham (McKinsey) e que 85% dos executivos admitem ter mantido projetos condenados por medo de reconhecer falhas (Harvard Business Review). Essas estatísticas refletem uma realidade dura: a resistência em abandonar estratégias ineficazes é um fenômeno comum no mercado, mas que custa caro em termos financeiros, culturais e estratégicos.

As Manifestações da Teoria do Cavalo Morto no Cotidiano Corporativo

A metáfora não é apenas uma crítica humorística; ela representa diversas ações e posturas que gestores tomam quando se recusam a encarar a realidade. Vejamos exemplos práticos de como isso ocorre no dia a dia empresarial:

1. Mudanças superficiais (Comprar uma nova sela)

Quando um projeto falha, muitos gestores tentam fazer mudanças cosméticas, como redesenhar processos, mudar logotipos ou reformular slogans, acreditando que essas ações irão mudar os resultados. No entanto, essas mudanças não resolvem a raiz do problema e apenas atrasam decisões mais importantes.

2. Troca de liderança sem plano claro (Mudar o cavaleiro)

É comum que empresas demitam líderes acreditando que uma nova liderança será capaz de “reviver o cavalo morto”. No entanto, sem uma análise estrutural das falhas e uma revisão estratégica, a troca de liderança pode ser apenas uma mudança simbólica.

3. Formação de comitês intermináveis

Criar comitês ou equipes de trabalho para investigar os motivos do fracasso pode ser útil, mas muitas vezes resulta em discussões prolongadas e relatórios que concluem o óbvio: o
projeto não tem mais viabilidade. Esse tempo poderia ser melhor utilizado para planejar novas estratégias.

4. Justificar erros com comparações inúteis

Uma prática comum é justificar o fracasso comparando-se com outras empresas ou situações semelhantes. “Outras empresas também enfrentam dificuldades” é uma frase que muitas vezes é usada para postergar decisões difíceis e evitar mudanças.

5. Redefinir o conceito de fracasso

Para evitar a percepção de que algo falhou, muitos gestores redefinem os parâmetros de
sucesso ou flexibilizam metas para convencer a si mesmos e às equipes de que o projeto
ainda tem chances de dar certo.

6. Persistência em treinamento desnecessário

Em vez de encerrar o projeto, empresas podem propor novos treinamentos ou investir em
consultorias, acreditando que, com mais conhecimento, o projeto poderá ser salvo. Embora o treinamento seja importante, ele não resolve problemas estruturais quando a estratégia
está fundamentalmente errada.

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Por que Persistimos em Estratégias Falidas?

A resistência em abandonar projetos falidos geralmente é motivada por fatores psicológicos
e culturais:

• Viés de Confirmação: Tendência a buscar informações que confirmem a decisão original, ignorando dados que apontem para o fracasso.

• Efeito do Custo Afundado: A dificuldade em abandonar algo em que já foi investido muito tempo, dinheiro ou esforço.

• Medo da Percepção de Fracasso: Muitos gestores temem o impacto em sua reputação ao admitir que um projeto fracassou, mesmo que seja a decisão mais racional.

• Cultura Punitiva: Organizações que punem falhas em vez de incentivarem o aprendizado criam ambientes onde admitir erros se torna algo arriscado.

O Preço de Ignorar a Realidade

Persistir em estratégias falidas traz consequências graves:

• Desgaste Financeiro: Recursos escassos são investidos sem retorno.

• Queda de Moral: Equipes ficam desmotivadas ao perceberem que estão trabalhando em algo sem futuro.

• Oportunidades Perdidas: Empresas que insistem em projetos ineficazes perdem chances de investir em inovações ou iniciativas com maior potencial.

• Perda de Competitividade: Organizações ágeis que reconhecem falhas e pivotam rapidamente se destacam no mercado.

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Como Abandonar a Teoria do Cavalo Morto na Prática

1. Estabeleça Critérios Claros para Abandono

Antes de iniciar qualquer projeto, defina critérios claros para determinar seu encerramento. Quando os indicadores atingirem limites previamente estabelecidos, tome a decisão com base em dados e não em emoções.

2. Fomente uma Cultura de Transparência

Incentive uma cultura onde erros possam ser admitidos sem medo de punição. Empresas como Google e Amazon são conhecidas por promover uma mentalidade de “falhar rápido e barato” para aprender e inovar rapidamente.

3. Reveja Regularmente Resultados

Institua revisões periódicas de desempenho para avaliar se os projetos estão alinhados aos objetivos estratégicos. Se os resultados não mostrarem progresso significativo, considere alternativas imediatamente.

4. Desapego Emocional

Ensine líderes e equipes a separarem suas emoções e identidades dos projetos em que trabalham. Isso ajuda a tomar decisões mais racionais e objetivas.

5. Treinamento de Líderes

Ofereça treinamentos para ensinar gestores a identificar sinais de fracasso e a desenvolver a habilidade de tomar decisões difíceis, como encerrar projetos.

6. Comunicação Aberta com Stakeholders

Ao encerrar projetos, comunique-se de forma aberta e clara com todas as partes envolvidas, explicando os motivos da decisão e os planos para o futuro. Isso minimiza a resistência e mantém a confiança.

Conclusão: A Sabedoria Está em Saber Quando Parar

A Teoria do Cavalo Morto nos ensina que grandes líderes e organizações são aqueles que reconhecem rapidamente quando algo não está funcionando e têm a coragem de tomar decisões difíceis. Persistir em estratégias falidas não é sinal de resiliência, mas de negação da realidade. O verdadeiro sucesso está em aprender com os erros, redirecionar recursos e buscar novas oportunidades com inteligência e agilidade. Como líderes, a decisão mais importante que podemos tomar não é apenas começar algo, mas saber quando e como parar.

By Roberto Monteiro
Consultor RH e de Felicidade Cooporativa
Treinador de pessoas

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By Roberto Monteiro – Consultor Comportamental & Felicidade Corporativa


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