Pingo, como é chamado pelos funcionários e pela vizinhança, apareceu no estabelecimento enquanto ainda estava em construção, e tornou ele o seu lar.

Antes mesmo do vaivém de veículos em um posto de combustíveis na Estrada da Boiada, em Vinhedo (SP), um simpático vira-lata já circulava e morava pelo local. Passadas quase duas décadas desde a inauguração do comércio, o pequeno Pingo, companhia dos funcionários e sensação entre os clientes, ganhou as redes sociais e tem fãs até em Portugal.

Com 20 anos, vira-lata que cresceu em posto de gasolina do interior de SP angaria fãs de Vinhedo a Portugal — Foto: Estevão Mamédio/g1

O que chama a atenção de quem conhece o cãozinho de pelagem acinzentada é a idade longeva. Moradores e a veterinária que o acompanha atualmente estimam que ele tenha pelo menos 20 anos de vida – mora no posto no interior de SP desde a abertura, há 18 anos.

“A gente acredita que ele tenha por volta de uns 20 anos. Não existe nenhum exame que comprove isso, mas quando o proprietário do posto instalou no local, já existia o Pingo”, explica Lígia Fernandes, médica veterinária que acompanha o cachorrinho há dois anos.
Com a idade além das expectativas, Lígia explica que Pingo recebe cuidados paliativos para enfrentar a velhice com dignidade e qualidade de vida.
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A veterinária ressalva que Pingo deve ter “uma genética ótima” para ter vivido tanto tempo sem doenças, apenas enfrentando os sintomas da senilidade, um conjunto de alterações físicas e mentais que ocorrem com o envelhecimento.

“Ele enxerga, só que ele tá um pouquinho surdo. Ele anda lentamente, anda de passinhos curtos. [Também tem] sinais uma demência, né? […] Mas é um cachorro que, por exemplo, ele sabe onde está e conhece, lógico, muito bem o posto”, diz Lígia.

A veterinária também garante que Pingo é merecedor de fama que tem acumulado. “Ele é um cachorro muito bonzinho, muito dócil. E, assim, é um cachorro realmente cativante. Ele conquistou o Vinhedo, né? Agora, o Pingo tá famoso“, diz.

‘Pingo está famoso’

Apesar de ter mais tempo de vida do que qualquer rede social, Pingo já recebeu mais de 50 mil likes do Instagram, e conquistou até fãs internacionais.

Júlio D’Avila, cliente do posto há anos, nunca deixou de reparar no cão, que sempre estava em meio aos veículos abastecendo. Em novembro, resolveu publicar uma imagem dele em uma conta dedicada a animais resgatados que mantém na rede.

“Rapidamente a publicação começou a ganhar curtidas, e todo mundo comentava que tinha ido ao posto e conhecia o Pingo”, diz.

Em algumas semanas, uma página dedicada a compartilhar histórias de animais em Portugal entrou em contato com ele para conhecer a história do Pingo.

“Ele ganhou fãs até na Europa!”, brinca Júlio.

Júlio também conseguiu eternizar o rosto de Pingo em um desenho manual, que agora, faz parte de uma exposição organizada por ele na cidade.

Com 20 anos, vira-lata que cresceu em posto de gasolina do interior de SP angaria fãs de Vinhedo a Portugal — Foto: Áurea Romano Borba

Segunda ‘mãe’

Ao questionar no local quem é a pessoa que mais cuida do cãozinho, qualquer pessoa responde sem dúvidas: ‘a Dona Áurea’.

Durante toda a sua vida, Áurea Romano Borba resgata e cuida de animais em situação de rua e abandonados. Ela até já tentou levar o Pingo para morar consigo, mas ele não ficou muito feliz.

“Ele não quer ficar na minha casa. Eu sinto que, apesar dele já me conhecer, e ter carinho por mim, ele não quer ficar na minha casa. Ele quer ficar no posto”, explica.

Com 20 anos, vira-lata que cresceu em posto de gasolina do interior de SP angaria fãs de Vinhedo a Portugal — Foto: Estevão Mamédio/g1

“Eu via ele todos os dias. Como eu moro pertinho, eu falei ‘ah, vou dar um up nele’. Porque, no posto de gasolina sempre tem o cheiro da gasolina e o perigo, porque os carros entram com muita velocidade. Então, eu comecei a ficar preocupada com essas questões, e comecei a cuidar assiduamente”, explica.

Apesar de conhecer os perigos do local, Áurea garante que Pingo vive bem e feliz.

Ele tem liberdade de entrar no escritório do estabelecimento (um local com ar-condicionado), tem uma caminha própria e sempre consegue se proteger da chuva. Nas noites frias, ele ganha roupinhas para proteção e cobertores quentinhos.

Lígia explica que apesar dos perigos, pela idade, não é recomendado retirá-lo do único local que ele conhece. “O posto é o lar dele”.

Escrito por: Aline Nascimento

Fonte: hhttps://g1.globo.com/

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