A mudança no cenário internacional de petróleo deve afetar o mercado de combustíveis no País, com empresas estrangeiras optando por revender gasolina e competir em preço com a Petrobrás.
A avaliação é do presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), Alísio Vaz, para quem as empresas devem estar tomando a decisão “neste momento”. “Com a queda de 40% do mercado internacional, é uma questão de tempo para as empresas passarem a importar combustível e revender mais barato que a Petrobrás. Elas devem estar se coçando para fazer isso.”
Desde setembro, com a queda na cotação de petróleo, a companhia vem conseguindo amenizar perdas dos últimos três anos, com o represamento de preços no mercado doméstico. Nesse período, a Petrobrás vendeu gasolina e diesel no País a preços mais baixos que o valor de importação, acumulando perdas de receitas estimadas por analistas em US$ 60 bilhões.
Em novembro, a estatal obteve aval para aumentar os combustíveis e passou a vender a gasolina e diesel a preços superiores ao valor de importação dos derivados. Por isso, tem conseguido ampliar o caixa da empresa e reverter perdas recentes.
A avaliação do presidente do Sindicom é que o cenário de baixos preços internacionais pode estimular outras empresas de petróleo a revender combustíveis importados com valor mais baixo, pressionando a política de preços da estatal. As distribuidoras, associadas ao sindicato, não podem realizar essa operação, pela atual legislação.
“Se você faz as contas, vê que vale a pena. As empresas devem estar, neste momento, tomando esse tipo de decisão para realizar as compras e competir com a Petrobrás”, afirmou Vaz. “Não sabemos por quanto tempo ela vai vender acima do mercado internacional para recuperar seus prejuízos”, completou.
Mistura. Durante a apresentação de balanço de vendas do setor de combustíveis, o executivo afirmou ainda que o governo já decidiu aumentar a mistura de etanol nagasolina para 27% a partir de fevereiro. A previsão era que ficasse em 27,5%.
A mudança deverá elevar em cerca de 1 bilhão de litros a produção de etanol, beneficiando os usineiros, que acumulam prejuízos nos últimos anos. Outra medida aguardada é a retomada da Cide, o imposto cobrado na bomba sobre os combustíveis que pode afetar o preço da gasolina, gerando maior competitividade para o etanol. “Há um clamor dos produtores sobre a situação do etanol. O preço atual não remunera o custo do álcool. Mas, se a Cide voltar, o etanol ganha em competitividade”, disse Alísio Vaz
Fonte: O ESTADO DE S. PAULO

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