Mercado de trabalho aquecido aumenta rotatividade de funcionários e faz com que empresas invistam em programas motivacionais.
Somente em abril de 2012, mais de 270 mil empregos foram criados no Brasil. E a previsão para o futuro é otimista: as estatísticas devem continuar a crescer, principalmente em virtude do início de muitas obras de grande porte. Os setores de serviços e comércio são os que mais expandiram o número de vagas em abril. O aumento da oferta impacta no mercado de trabalho e tira o sono de muitos patrões. Especialmente dos revendedores, que vêm perdendo alguns de seus melhores funcionários.
O comércio varejista de combustíveis registra alto nível de rotatividade. De acordo com o gerente de Treinamentos da Raízen, Ezio Antunes, em média 40% dos funcionários são trocados no período de um ano. “E esse patamar é observado em estabelecimentos que têm uma estrutura média de gerenciamento e que desenvolvem trabalhos motivacionais. Em postos sem esse foco, o índice é muito maior.” O quadro repercute diretamente nos resultados do posto.
Treinamento e informação adequada para lidar com o cliente são fatores que ajudam os funcionários a vender melhor. Não há solução miraculosa. “A base para equacionar a questão está no recrutamento apropriado e em um bom treinamento. Tudo começa na seleção de sua equipe”, aponta Ezio. O gerente descreve ainda algu mas características que podem dar o direcionamento. O primeiro item da lista é o dinamismo do candidato e se ele demonstra a energia necessária para o trabalho.
A facilidade para se comunicar também está entre os pré-requisitos, assim como a habilidade para vender. Nesse último ponto, uma forma eficaz de avaliar é aforma como o entrevistado fala de si para convencer que merece a vaga. O revendedor deve estar atento se o profissional gosta de trabalhar e se tem valores sólidos e uma boa estrutura familiar. “Normalmente, uma pessoa assim vai se empenhar mais, porque quer propiciar à sua família o que conquistar de bom no trabalho”, explica.
A avaliação deve ainda contemplar aspectos específicos de cada posto, como a distância do trabalho até a casa do futuro funcionário e outros fatores que possam influenciar no dia a dia da profissão. Ezio cita, entre os casos de sucesso, o de uma rede no Rio de Janeiro que dá preferência a profissionais inexperientes. Dessa forma, pode moldá-los e treiná-los de acordo com suas necessidades.“O perfil do negócio mudou muito. Antes, os revendedores contratavam entregadores e os resultados podiam ser bons. Agora, precisam se preocupar em escolher vendedores”, esclarece.
Incentivo à educação faz a diferença
Todo profissional que vai trabalhar em um posto sabe que muito provavelmente estará sujeito a escalas e revezamento. Isso pode significar o fim de um sonho: o de estudar. Mas não no posto Ponte Nova, de Márcio Soares. No estabelecimento, que fica em Belo Horizonte (MG), a flexibilidade de horários ajudou o frentista Antônio Pereira Filho a se formar em Direito pela Faculdade Arnaldo Janssen. Márcio encara o apoio à educação como uma forma de estimular sua equipe a buscar o crescimento pessoal. “Normalmente, os funcionários mais preparados trabalham melhor. Embora não permaneçam por muito tempo, pois estão capacitados para almejar profissões com melhor retorno, enquanto estiverem por aqui, gerarão resultados superiores”, avalia o revendedor. De acordo com Márcio, seu maior ganho foi com relação às vendas de produtos premium.
“Fiz coisas que nunca imaginei antes. O estudo fez toda a diferença no meu dia a dia no posto. O cliente que sabe da minha formação passa a me tratar de forma diferente”, conta Antônio, que chegou a superar a gagueira e a timidez com os estudos. “Tenho muito mais segurança hoje no contato com os clientes. Ficou mais fácil vender”, afirma.
Os benefícios, no entanto, não se restringem ao desempenho financeiro. A flexibilidade é um dos fatores que contam na motivação dos funcionários. Grande parte da equipe tem mais de 20 anos de casa, como o próprio Antônio, que hoje, com 46 anos, começou a trabalhar no Ponte Nova com 18. Ele conta a receita do sucesso: “Chego para trabalhar todo dia como se fosse o primeiro”. Márcio se orgulha dos avanços de seus funcionários e sabe que teve papel preponderante nessa superação. Ele aconselha qualquer patrão a motivar sua equipe sempre. Os colaboradores são parceiros do revendedor na empreitada diária do posto. “Não se trata apenas de pagar pela disponibilidade de trabalho. Precisamos entender que, como qualquer pessoa, eles têm sonhos e fomentar isso estreita o relacionamento”, recomenda.
Reter talentos é o maior desafio
Com a geração recorde de empregos, a concorrência por bons profissionais está acirrada. Em muitos casos, o funcionário deixa o posto para se dedicar, por exemplo, à construção civil ou outros setores da indústria que, apesar de o salário ser compatível, pode ter vantagens extras.
O dono do posto precisa estar de olho na satisfação de seus funcionários e reestruturar seu negócio para se adequar à realidade do mercado. “Hoje, muitos revendedores oferecem plano de saúde aos empregados, pois estavam perdendo equipe para segmentos em que o benefício fazia parte da proposta”, relata o gerente.A profissionalização do negócio é primordial. “Os revendedores precisam se conscientizar de que, se não profissionalizarem o processo de gestão, não conquistarão os resultados almejados”, adverte Ezio.
Promova
Reconheça seus melhores funcionários. Alçá-los a um cargo mais alto os deixarão motivados. As funções de caixa e trocador de óleo estão entre as mais almejadas.
Como manter a motivação?
Não basta escolher o profissional com o perfil adequado, é necessário incentivá-lo e mantê-lo motivado. Nesse sentido, algumas iniciativas são decisivas. Confira algumas dicas do gerente de Treinamentos Ezio Antunes. “São práticas muitas vezes corriqueiras, mas que ajudam o funcionário a ficar mais comprometidocom o ambiente em que trabalha”, comenta.
Desafios
O profissional quer ter desafios e responsabilidades. Estabeleça metas que sejam realistas, objetivas e quantificáveis. Deve ser algo que sirva de direcionamento, mas sem alterar os princípios e o comportamento do funcionário.
Cumpra suas promessas
Não adiantar cobrar resultados e prometer recompensas se não cumpri-las. No próximo mês, seu funcionário estará desestimulado. Comemore suas conquistas coletivamente e agradeça pelas metas cumpridas.
Apoio do líder
Demonstre a seu empregado que você está pronto para ajudá-lo, tanto profissional quanto pessoalmente. Deixe claro que se interessa e se preocupa com ele.
Parte do todo
O funcionário precisa saber da sua importância para o negócio, e como pode contribuir para os resultados. Para isso, compartilhe informações estratégicas, como a superação de metas e percentuais de crescimento.
Quadro de metas
Mantenha um quadro atualizado com o desempenho em relação às metas, seja por turno ou por profissional. Essa é uma maneira do trabalhador verificar sua performance no dia a dia.
Fonte: Revista Varejo Raízen • Ano 1 • nº1 • abril a julho de 2011