Estimados leitores desta coluna, em busca de conhecimento e de lojas de conveniências perfeitas, decidi fazer uma matéria especial. Para isso precisei de meu passaporte e de meu visto americano.
Isso mesmo, decidi ir à “meca” do Biz atual, o Estado da Flórida, no sul dos Estados Unidos da América. Fonte de inspiração e referência para o nosso canal de C -Store.
Percorrerei mais de 1000 km em busca das mais importantes redes do segmento e lojas individuais, que merecem destaque. Nossa matéria será dividida em três partes para que não fique muito longa: aeroporto, EUA e conclusão. Assim, embarquem comigo nessa deliciosa matéria e espero que possamos trazer muitas ideias e conceitos novos.
Enquanto espero no novo terminal de embarque do Aeroporto Internacional de Guarulhos, não deixo de notar grandes marcas de restaurantes e indústrias presentes na área mais moderna. Todas com uma pegada de fast food de qualidade e tendência contemporânea, que podem nos inspirar para criarmos modelos similares em nossos estabelecimentos.
Não podemos nos esquecer que o core business dessas marcas é o ramo alimentício e isso nos deixa a um passo atrás. A grande maioria, ou parte delas, possuem cozinhas próprias ou terceirizadas, sendo assim mais fácil de abastecer o ponto de venda com produtos de ótima qualidade e mais competitivo.
Havendo uma mescla de produtos próprios e de fornecedores igual os do nosso canal.
Um restaurante que me chamou atenção com um layout moderno funcional e atrativo foi o restaurante Viena Snacks, que faz parte do grupo International Meal Company, uma das maiores empresas do mundo responsável pela alimentação fora do lar. Detentora de marcas de restaurantes de rodovias no Brasil como o Frango Assado.
Lembro-me de ter lido a reportagem do chairman da companhia, quando realizaram a compra da rede. Esse disse o quanto o nosso país era carente de serviços em rodovias. Concordo em número, gênero e grau. O grupo ainda é proprietário da Pizza Hut em território brasileiro e marcas como Olive Garden e de muitos outros gigantes da indústria alimentícia.
Em uma das minhas paradas ao Frango Assado não pude deixar de notar o quanto a operação da rede melhorou depois que a empresa assumiu.
Enquanto pegava meu espetinho de frango pude observar que havia tapumes dentro do restaurante. Questionei o funcionário e ele me disse que haveria uma nova loja da Pizza Hut, dentro da área de venda.
Fantástico, acredito muito no conceito de corners, ou restaurantes dentro de uma loja de conveniência, mesmo em uma Megastore. Tudo vale na hora do aumento do ticket médio!
Outro conceito que acho bem interessante é a loja bar da Heineken. Vale lembrar que essas indústrias gastam milhões de dólares em estudos e retalhismo de negócio. Vemos tudo isso acontecer a passos largos. Reafirmo, como dito em matéria anterior, que somos carentes de fornecedores de food de qualidade, o que dificulta a evolução que o canal atualmente exige. Tudo isso em paralelo com o mundo atual da gastronomia que impacta diretamente nos resultados obtidos em nossas lojas de conveniências.
Teremos que rebolar muito para obtermos resultados financeiros satisfatórios, que condizem com os investimentos que o Biz demanda, principalmente quando falamos em contratos junto a companhias petrolíferas.
Cada vez mais vemos companhias petrolíferas firmando parcerias com gigantes da indústria alimentícia. Tal movimento é um bom caminho, mas jamais devemos esquecer que o mundo da gastronomia caminha para um mundo alimentício mais hand craft.
Tal alimento se caracteriza ao utilizar insumos de melhor qualidade, com uma produção em escala menor e com maior valor agregado para o seu consumidor final. Podemos ver essa realidade até mesmo em grandes redes de fast-food como a próprio Domino’s, que estampa em seus logos, dentro da loja, a fermentação natural. Com certeza um grande diferencial para o seu concorrente, que apenas aquece a pizza congelada para servir aos clientes. Lojas modernas da marca tem em seu interior o novo padrão: televisores faceados para o cliente, mostrando como a pizza é feita em conjunto com uma cozinha vitrine show.
No Brasil, empresas como a Sinerfood, que atualmente atende ao Estado de SP, trabalham na falha da indústria para atender esta demanda hand craft. Mas ainda são muito poucos os fornecedores.
Após passar a imigração, portão, enfim embarquei. Algumas horas depois, recebi minha refeição. Fiquei muito feliz e muito triste, ao mesmo tempo. Sempre detestei comida de avião e por incrível que pareça a comida estava boa. Um roastbeef gelado com um bom vinagrete foi servido. Obviamente que estamos falando da classe econômica em razão da alta do dólar. Foi o melhor que consegui.
E incrível ver como as companhias aéreas também estão em fase de evolução do food ofertado em suas aeronaves. Certamente sempre foi um calcanhar de Aquiles para o negócio. Ter um alimento de qualidade é um grande diferencial junto a seus concorrentes.
Fico feliz pela evolução da comida a bordo e ao mesmo tempo triste. Fomos para o topo da cadeia com o título da pior comida ofertada. Lamentável! Sempre digo: “_Loja de conveniência e comida de avião andam lado a lado”.
Por uma séries de motivos desde a falta de conhecimentos básicos de cozinha dos funcionários até o preparo, degelo etc. dos alimentos; produtos feitos de insumos de baixa qualidade e a perda da qualidade no processo de comida congelada.
Após passar pela imigração americana fui buscar o meu carro alugado. Logo que saí do aeroporto entrei em uma rodovia principal. Claro que parei para tomar o café da manhã em uma loja de conveniência da rede Shell. Após pegar snacks e bebidas pedi a chave do banheiro a qual veio pendurada em um cabide. Comecei a rir. O atendente não entendeu nada. Pois é meus amigos, aqui na terra do Tio Sam temos o mesmo problema com a chave do banheiro.
O banheiro estava limpo e quando devolvi a chave ao balconista pensei comigo mesmo: esta será uma grande viagem.
Acompanhem a próxima parte da matéria.
Um fraterno abraço Chef Borba.
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