O ano era 1996. Eu trabalhava na Shell Brasil e me recordo da intensa movimentação dentro da companhia e no mercado, motivada pela necessidade de adaptação à desregulamentação dos combustíveis no Brasil, introduzida pela Lei nº 9.478/1997.

Essa lei marcou um divisor de águas no setor, promovendo maior abertura de mercado, aumento da competitividade e incentivando a diversificação das atividades dos postos de gasolina.

Antes da desregulamentação, os postos desfrutavam de excelentes margens na venda de combustíveis, mas, com o mercado agora definindo essas margens, a pressão para encontrar novas fontes de receita tornou-se inevitável. Essa mudança impulsionou o desenvolvimento das lojas de conveniência e, mais tarde, de centros comerciais anexos aos postos, que se tornaram componentes estratégicos para melhorar a rentabilidade, especialmente em regiões urbanas.

Grandes redes, como Shell (atual Raizen) com suas lojas Select, BR com a BR Mania e Ipiranga com a AM/PM, lideraram essa transformação. Essas marcas começaram a expandir suas operações com foco em conveniência, oferecendo produtos como fast food, bebidas e outros itens direcionados a um público em trânsito. Algumas dessas lojas se destacavam por funcionar 24 horas, enquanto outras apostavam em combustíveis aditivados como diferencial competitivo.

Adaptação e desafios dos donos de postos

Para muitos proprietários de postos, essa nova realidade foi desafiadora. Acostumados a gerenciar o estoque e os preços de apenas três combustíveis, eles agora precisavam lidar com a complexidade de administrar de 2.000 a 3.000 itens, incluindo produtos perecíveis e com datas de validade. Com o tempo, os mais adaptáveis começaram a perceber que itens como refrigerantes e coxinhas frequentemente geravam mais lucro do que as margens dos combustíveis.

Os que se adaptaram rapidamente também começaram a planejar a modernização de seus postos. Era comum que o plano estratégico da Shell incluísse projetos de KDR (Knockdown and Rebuild), nos quais postos eram completamente reformulados. Muitos desses projetos envolviam a aquisição de terrenos adjacentes para ampliar a área e criar espaços mais modernos.

Além de combustíveis aditivados, os postos começaram a incluir lojas de conveniência, serviços de troca de óleo e, em alguns casos, estruturas mais complexas, como estacionamentos e áreas de convivência.

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Surgimento dos mini-hubs comerciais

Com o tempo, muitos postos em áreas metropolitanas começaram a expandir suas atividades, incorporando pequenos centros comerciais anexos. Esses “mini-hubs” incluíam uma variedade de estabelecimentos, como farmácias, bancos 24 horas, lavanderias, barbearias e restaurantes. Essa evolução trouxe uma nova dimensão ao setor, transformando os postos de gasolina em centros de conveniência e serviços.


Centros Comerciais em Postos: Características e Benefícios

Diferentemente dos tradicionais street malls, que possuem âncoras e lojas satélites mesclando varejo e serviços, os centros comerciais anexos aos postos de gasolina possuem uma área menor, projetada para maximizar o uso do espaço em terrenos compactos, geralmente com estacionamento compartilhado.

Mix típico de lojas e serviços:

  • Lojas de conveniência, geralmente operadas pelos próprios postos ou marcas parceiras.
  • Restaurantes e fast-food, como Subway, McDonald’s, Burger King, Madero , KFC ou redes regionais.
  • Farmácias e minimercados.
  • Salões de beleza, barbearias e lavanderias.
  • Agências bancárias ou caixas eletrônicos.
  • Serviços automotivos, como troca de óleo e lavagem de carros.

Benefícios desse modelo:

  1. Conveniência: O cliente pode abastecer, comer, comprar itens essenciais e resolver outras necessidades no mesmo local.
  2. Horários ampliados: Muitos desses estabelecimentos operam 24 horas ou têm horários alinhados ao funcionamento do posto.
  3. Aumento do fluxo de clientes: O conjunto de serviços atrai consumidores tanto para o posto quanto para as lojas.
  4. Valorização imobiliária: Esse modelo eleva o valor do terreno e incentiva novos investimentos.
  5. Diversificação de receitas: Para os proprietários, anexar um centro comercial é uma estratégia eficaz para diversificar os ganhos.

Conclusão

A desregulamentação dos combustíveis trouxe desafios e oportunidades ao setor, impulsionando uma transformação que vai além do abastecimento de veículos. Hoje, os postos de gasolina se consolidaram como polos estratégicos de serviços e conveniência, atendendo às necessidades de uma população em trânsito e contribuindo para a modernização do varejo urbano.

Se adaptaram e inovaram, esses espaços se tornaram muito mais do que postos de combustível: verdadeiros pontos de encontro e praticidade.

Mesmo com toda essa evolução no setor, não deixo de me frustrar ao passar por diversos postos e perceber o desperdício de oportunidades. Com minha experiência combinada em combustíveis, fast food e expansão, vejo claramente o potencial inexplorado que muitos proprietários ainda deixam de aproveitar.

Na SKNA Malls, trabalhamos para mudar essa realidade. Orientamos esses proprietários, ajudando a desenvolver os melhores projetos e conectando-os às marcas mais relevantes e consolidadas do mercado para ocuparem seus espaços. O que antes era uma área subutilizada pode se transformar em um investimento altamente rentável, gerando uma fonte de renda passiva sustentável e lucrativa.

Rodrigo Muller Saboia

Linkedin – https://www.linkedin.com/in/rodrigosaboia/

 

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