Comercialização entre janeiro e novembro de 2021 foi 8,31% maior que no mesmo período do ano anterior; apontam EPE e ANP
As vendas de diesel alcançaram em 2021 o maior volume mensal para meses de novembro para os consumidores finais
Até aquele momento, o país acumulava também o maior total comercializado nos primeiros 11 meses do ano de toda a série histórica, iniciada em 2000.
A informação é do comunicado de fatos relevantes de dezembro, da estatal Empresa de Pesquisas Energéticas (EPE), a partir de informações do Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
De janeiro a novembro de 2021, o volume de vendas foi de 57,2 milhões de metros cúbicos do combustível fóssil, utilizado por caminhões, para o frete, e pelo transporte público de passageiros nas grandes cidades.
Esse total representa um aumento de 8,31% em relação ao mesmo período de 2020.
⛽ O aumento foi percebido em todas as regiões do país, com destaque para o Centro-Oeste (11,29%) e para o Nordeste (10,87%).
O documento aponta que o país importou em novembro 1,1 milhão de metros cúbicos de diesel. Isso representa um aumento de 33,22% no volume em relação ao mesmo mês de 2020, quando a atividade econômica estava mais retraída, em função do momento da pandemia do coronavírus.
“Com isto, o percentual do diesel vendido no país, com origem estrangeira, passou de 19,32%, em novembro de 2020, para 24,7% em novembro de 2021”, diz um trecho do documento. Em outra parte, a agência explica que o aumento da proporção de importações está relacionado à redução do percentual de mistura obrigatória do biodiesel no diesel.
Em novembro de 2021, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) reduziu a proporção de 13% para 10% para 2022, em virtude do preço da soja no mercado internacional.
O produto é a principal matéria-prima do biodiesel brasileiro. Como o país não produz todo diesel que precisa, depende de importações, que aumentaram com a medida.
“Sobre esses valores, vale registrar a variação do percentual de mistura de biodiesel no diesel B, estabelecido em 13% em março e abril, 10% entre maio e setembro, e 12% em outubro e novembro; além da ocorrência de uma parada programada da RNEST, produtora de diesel A, no mês de setembro”, destaca a publicação.
Diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires destaca que a retomada econômica ocorrida em 2021, combinada com a redução do percentual de mistura obrigatória do biodiesel no diesel, uma tentativa do governo de segurar os preços do produto, tonaram o aumento de produção natural.
“Mesmo em 2020, no lockdown, o consumo de diesel não foi tão afetado quanto o de gasolina ou querosene de aviação. O combustível é fundamental para o frete e o abastecimento das cidades. A redução da mistura obrigatória aumentou a importação acima do que seria esperado. Ela gera mais impacto para os produtores de biocombustíveis, porque cria uma insegurança regulatória para eles, que se prepararam para produzir 30% mais e não podem”, avalia Pires.
A Petrobras tem sido criticada por importadores por conta da defasagem no preço dos combustíveis, em relação aos valores praticados pelo mercado internacional. A companhia responde que aguarda sempre a consolidação dos cenários, sejam eles de alta ou de baixa, para não repassar toda a volatilidade para o consumidor.
Presidente da Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araújo destaca que o fenômeno resulta em queda na presença da iniciativa privada no setor.
“Como as empresas não têm condições de comprar por um preço mais alto e vender por um mais baixo, a participação delas no mercado diminui. O volume de diesel importado é maior que o dos anos anteriores, mas esse aumento se dá devido a importações feitas pela própria Petrobras. Em 2020%, a participação das empresas nas importações era de 20%. Em 2021, até novembro, é de 13%”, avalia Araújo.
Fonte: CNN
De acordo com o Serviço de Levantamento de Preços de Combustíveis da ANP, o diesel foi combustível que apresentou maior alta em relação a 2020: 46,8% no preço médio do litro, nos postos de combustíveis, seguido pela gasolina (46,5%) e pelo gás natural veicular (40,1%). O aumento de demanda é um dos fatores que pressionam os preços para o consumidor final, influenciados também pela taxa de câmbio e pelas variações de produção no mercado.
Para reduzir o impacto das altas, o presidente Jair Bolsonaro (PL) negocia com o Congresso Nacional uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que autorizaria a redução de impostos sobre os combustíveis. O presidente já chegou a dizer que, caso a proposta seja aprovada, vai “zerar” o imposto final sobreo diesel no país.
Fonte: