Fruto da reivindicação dos postos e distribuidoras de combustíveis, nova gasolina traz padrões internacionais de qualidade e requisitos que dificultam a adulteração. A pedido do Combustível Legal, Gilberto Pose, engenheiro de desenvolvimento de combustíveis, explica como as mudanças vão beneficiar o consumidor.
A partir do dia 3 de agosto, motoristas terão uma gasolina automotiva de melhor qualidade nos tanques. Nessa data, entrará em vigor a medida que determina novos padrões de qualidade para o combustível. Publicada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a resolução n.807/2020 substitui as especificações de 2013.
A nova gasolina tem novidades em três aspectos: valor mínimo da massa específica, parâmetros de destilação, e fixação de limites para a octanagem RON.
As mudanças resultam em melhor dirigibilidade, combate à adulteração e benefícios ao meio ambiente.
Gasolina com mais energia e menos consumo
“A grande mudança é o valor da massa específica da gasolina”, afirma o engenheiro e especialista em combustíveis, Gilberto Pose. As gasolinas comum e premium passam a ter densidade mínima de 715 kg/m3. Atualmente, esse índice pode oscilar em torno dos 700kg/m3, o que abre margem para a oferta de produtos com diferentes densidades no mercado. No caso da gasolina, quanto maior a densidade, mais potência e rendimento ela gera ao motor, resultando em mais energia e menos consumo para os veículos.
A segunda especificação diz respeito à temperatura de destilação no ponto 50% evaporado (T50), com benefícios diretos para a dirigibilidade, desempenho e aquecimento do motor. O ponto T50 é um dos índices utilizados no processo de destilação (separação de substâncias) da gasolina para verificar seu desempenho no motor. O T50 identifica a temperatura na qual 50% do combustível foi destilado e verifica o aquecimento do motor. Outros pontos são o T10, que observa a partida do motor a frio, e o T90, que verifica performance e aquecimento.
Mudanças no combustível dificultam fraudes
Pose explica que a mudança atende a reclamações antigas dos donos de postos de gasolina, que agora terão maior segurança na hora da fiscalização. “A definição da massa específica é um divisor de águas para o Brasil inibir a adulteração do combustível com solventes de baixa densidade. Quando se joga solvente numa gasolina de 720kg/m3, a densidade desse combustível pode cair para 680kg/m3. O adulterador não terá mais essa facilidade”, explica Pose.
A densidade pode ser checada em toda a cadeia de distribuição. Desde a produção na refinaria, passando pela distribuição e revenda no posto. “Também é verificada em ações de fiscalização e para demonstração ao cliente final, quando por ele solicitado”, descreve o engenheiro.
Para leitura nos postos, são utilizados densímetros com faixa de medição de 0,700 a 0,750, ou de 0,750 a 0,800. O aparelho é mergulhado em uma proveta com amostra do combustível.
De acordo com o especialista, os clientes que abastecem em postos com boa reputação já adquirem combustível de qualidade. Aqueles que escolhem encher o tanque apenas com base no preço baixo estão mais suscetíveis a consumir produtos de origem duvidosa, colocando o veículo em risco.
Limites para a octanagem RON
O índice que a gasolina possui para resistir à pressão dentro do motor sem sofrer combustão espontânea (octanagem) também passará por mudanças para se adequar às novas tecnologias de motores.
No Brasil, apenas as octanagens MON e o IAD eram especificadas. Agora, a adoção do limite RON iguala o nosso combustível ao padrão europeu.
Pose afirma que haverá mais sintonia entre os índices de octanagem ideal, definidos pelas montadoras, e o produto final. “Quando o carro chegava na rua, havia possibilidade de dar problema. Agora, pode ser que os motoristas sintam mais conforto, pois o motor vai ter menor possibilidade de batida de pino [queima da gasolina antes do ponto certo]”, diz o especialista, lembrando que os condutores também poderão notar menos oscilações de marcha lenta e motor mais suave.
Compromisso de poluir menos
Pose salienta que a nova resolução da ANP segue processo iniciado em 1988, quando começaram as reduções dos níveis de poluentes nos combustíveis brasileiros.
Os critérios para redução de substâncias como enxofre e monóxido de carbono são definidos pelo Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve/Ibama). As próximas melhorias estão previstas para 2022 e 2025.
Fonte: combustivellegal.com.br
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