Fávaro confirma impactos também em MT, mas diz que não faltará produto.

Consultorias apontam que cenário de restrição deve levar algum tempo para se normalizar, já que importadores voltaram às compras apenas nos últimos dias.

 

O estado do Paraná, um dos principais produtores agrícolas do país, tem enfrentado impactos da restrição de diesel, que já afeta 24 estados do país, de acordo com pesquisa com 100 postos feita nesta semana pela Posto Seguro Brasil. Alexandre Félix, diretor regional Paraná do Sindicato Nacional do Transportador-Revendedor-Retalhista (SindTRR), que são as empresas responsáveis por levar até as fazendas e grandes empresas o combustível, diz que já não consegue cumprir com todas as entregas para os produtores.

“O estado do Paraná tem forte restrição. No começo do mês, os impactos estavam isolados para o tipo S10, mas agora também temos problemas com o S500. Isso ocorre em um momento que o produtor rural precisa de diesel para as atividades dentro da fazenda e também para o escoamento”, afirma Félix. Os TRRs são autorizados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) a comprar grandes quantidades de combustível e revendê-los para indústrias e grandes empresas.

A restrição não significa necessariamente uma falta de produto, mas um retardo nas entregas realizadas pelas distribuidoras ou mesmo uma regulação no volume vendido. “Os TRRs até estão sendo atendidos, mas sem o volume que era habitual. Então, temos que também diminuir o volume das entregas aos contratantes. Em regiões pontuais, também tenho conhecimento de TRRs parados, seja no estado do Paraná, quanto em outros, como Bahia e Mato Grosso”, disse o representante em entrevista ao Notícias Agrícolas.

“Esse cenário para o Paraná preocupa muito. Tem produtor que precisa colher e depois escoar a safra. Tem gente que precisa plantar, cada um em sua atribuição. Estamos bastante preocupados, mas fazendo a nossa parte. Em busca de produto, estamos tendo que mudar a logística para comprar em refinarias mais distantes, o que encarece ainda mais os preços aos consumidores finais, além da alta já esperada por conta da dinâmica de mercado. A oferta diminuiu e a demanda continua aquecidíssima”, destaca.

O Sindicato Nacional do Transportador-Revendedor-Retalhista (SindTRR), inclusive, pediu providências das autoridades nos últimos dias no que chama de “uma crise sem precedentes de restrição no fornecimento de diesel, provocada pelo fornecimento das empresas responsáveis pelo suprimento”. O Notícias Agrícolas também pediu posicionamento para entidades do governo. Elas não acreditam que possa haver desabastecimento de diesel no país.

“Os estoques de combustíveis líquidos continuam em níveis suficientes e não há informações sobre dificuldades na aquisição de produto no exterior ou de redução do ritmo de produção nacional”, disse em nota ANP. Já a Petrobras “informa que as entregas de derivados para as Companhias Distribuidoras estão normais”. O Ministério de Minas e Energia (MME) disse ainda que acompanha o cenário junto com a ANP e que “não há, no momento, qualquer registro de desabastecimento de diesel”.

Consultorias procuradas pelo Notícias Agrícolas nos últimos dias confirmaram o cenário de restrição nas distribuidoras e acreditam que um cenário de normalidade deva levar algumas semanas para ser visto.

“O temor de desabastecimento neste ano era muito grande, mas não temos essa perspectiva até o momento, apesar da demanda aquecida. O que vemos é uma dinâmica muito própria das distribuidoras. Olhando para frente, elas certamente querem manter os postos abastecidos, ainda que tenham que fazer aumentos de preços aos consumidores além do que o colocado pela Petrobras [de R$ 0,78/l no dia 16 de agosto]”, afirma Thiago Vetter, consultor em gerenciamento de risco da StoneX no Brasil.

As empresas importadoras de combustíveis voltaram às compras nos últimos dias para trazer o combustível mais consumido do país. Elas ganharam competitividade com a recente elevação do preço do diesel nas refinarias pela Petrobras. A Nimofast, por exemplo, reportou que recebeu no Porto de Suape a maior embarcação de diesel de 2023, totalizando 80 milhões de litros de S10, o que deve amenizar as preocupações envolvendo a oferta. A programação de navios também indica novas embarcações atracando por aqui.

Nélio Wanderley, CEO da Posto Seguro Brasil, disse neste início de semana que um navio com diesel importado da Ásia está a caminho do Brasil com cerca de 160 milhões de litros do tipo S10. “É um dos maiores navios do mundo. Não resolve o problema, mas já começa a atenuar. Precisaria de mais 10 navios desse para que o problema fosse sanado de uma vez por todas”, destaca o especialista. Ele considera que esse cenário de restrição seja completamente sanado no país apenas em meados de outubro.

“A expectativa é que demore para esse cenário se normalizar, mas a gente sabe que o plantio e a colheita pelo produtor não podem esperar”, finaliza Félix.

FÁVARO TEM CONHECIMENTO DO PROBLEMA, MAS DIZ QUE NÃO FALTARÁ PRODUTO

Apesar do governo dizer em nota, através das entidades responsáveis pelo setor de combustíveis, que o cenário de abastecimento no país não tem problemas, em entrevista ao Notícias Agrícolas, durante a Expointer 2023, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse que tomou conhecimento do problema de restrição em áreas do estado de Mato Grosso, outro importante produtor agrícola no país, mas que não vai haver falta de diesel para o produtor na safra que está começando.

“Estamos acompanhando o cenário de perto. Falamos com o ministro Alexandre Silveira. É muito mais uma questão de mercado, de oportunidades. Eu ouvi relatos lá em Mato Grosso: – Quando tá o litro de diesel R$ 5,50/l, mas se pagar R$ 6,50/l eu tenho pra te entregar. Então quer dizer, diesel tem. Nós estamos atentos a isso e o ministro Alexandre Silveira me deu tranquilidade que não faltará diesel para nenhum produtor do Brasil fazer o plantio na hora certa”, disse o ministro ao site.

Fonte: https://www.noticiasagricolas.com.br/


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