Entenda os fatores que levaram à alta nos preços e as perspectivas para 2025.

O ano de 2024 foi marcado por uma alta significativa nos preços dos combustíveis, com a gasolina liderando o aumento. Para os revendedores, entender os fatores que impulsionaram essa alta é fundamental para tomar decisões estratégicas e manter a competitividade no mercado.

Os números dos combustíveis em 2024

  • Gasolina: O preço médio subiu de R$ 5,580 no fim de 2023 para R$ 6,150 no encerramento de 2024, uma alta de 10,2%.
  • Etanol: O combustível derivado da cana-de-açúcar registrou o maior aumento percentual, de R$ 3,42 para R$ 4,12, o que equivale a 20,46%.
  • Diesel: Embora tenha apresentado a menor variação entre os três, o diesel passou de R$ 5,86 para R$ 6,06, e acumulou um crescimento de 3,4%.

O que explica a alta do Etanol?

O etanol foi o combustível mais impactado, devido a fatores como a queda na produção de cana-de-açúcar, influenciada pelas queimadas, e o aumento da cotação do açúcar no mercado internacional.

Tributação pesa nos custos com diesel e gasolina

Os aumentos da gasolina e do diesel estiveram diretamente ligados à reoneração do PIS-Cofins e à alta do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), medidas adotadas em diferentes momentos de 2024.

Ainda assim, os combustíveis pesaram menos no Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do que em 2023. O impacto na inflação foi mais moderado, mesmo diante das altas nos postos.

Petrobras e a estabilidade nos preços da gasolina

A Petrobras desempenhou um papel crucial em evitar variações bruscas nos preços da gasolina em 2024.

Ao longo do ano, a estatal realizou apenas um reajuste significativo, aplicado em julho, com um aumento de R$ 0,20 por litro (7,110%) para as distribuidoras.

Desde a mudança de sua política de preços em maio de 2023, a Petrobras abandonou o modelo de paridade internacional (PPI), que ajustava os valores dos combustíveis conforme o dólar e o preço do petróleo.

Essa nova estratégia ajudou a manter os preços mais estáveis.

Mudanças tributárias marcaram o ano de 2024 para os combustíveis

O ano também foi marcado por alterações tributárias significativas:

  1. Janeiro de 2024: Reoneração do PIS-Cofins para óleo diesel A e biodiesel, com valores de R$ 0,3515 e R$ 0,1480 por litro, respectivamente.
  2. Fevereiro de 2024: Aumento do ICMS, com acréscimos de R$ 1,372 por litro para a gasolina e R$ 1,06 para o diesel e biodiesel.

Essas mudanças encerraram um ciclo iniciado em 2021, quando a política de isenção de impostos foi usada para conter preços durante a pandemia de COVID-19 e a crise provocada pela guerra na Ucrânia.

Fatores que influenciaram os aumentos

1️⃣Valorização do dólar e seus efeitos nos combustíveis

Um dos principais fatores que explicam o aumento nos preços da gasolina e do etanol é a valorização do dólar em relação ao real, especialmente nas últimas semanas de 2024. O aumento no valor da moeda americana encareceu a importação de combustíveis e insumos, afetando diretamente o preço final pago pelo consumidor nas bombas.

2️⃣ Infraestrutura e o custo final para o consumidor

Outro aspecto relevante é a questão da infraestrutura do país. A logística de distribuição de combustíveis e as variações regionais nos custos de transporte e armazenagem também influenciam o preço final nas bombas. Em algumas regiões, os custos de transporte são mais elevados, o que resulta em preços mais altos para o consumidor.

No caso do etanol, apesar de seu aumento expressivo ao longo de 2024, o biocombustível ainda é considerado mais viável financeiramente em diversas partes do Brasil, especialmente quando comparado à gasolina. A relação entre o preço dos combustíveis e a composição dos veículos, que em boa parte do território brasileiro ainda é favorável ao etanol, ajuda a mitigar os impactos do aumento.

A relação entre a gasolina e o etanol

A alta no preço do etanol

O etanol, que é utilizado como combustível alternativo à gasolina em muitos veículos flex, teve um aumento significativo de 18,61% em 2024. Esse aumento no biocombustível tem relação direta com a escassez e os reajustes feitos em várias etapas da cadeia produtiva, desde a cana-de-açúcar até a distribuição final.

Mesmo com o aumento no preço, o etanol ainda se mostra uma opção vantajosa em relação à gasolina em boa parte do Brasil. Para que o etanol seja considerado economicamente viável em comparação à gasolina, o preço do etanol não pode ultrapassar 70% do preço da gasolina. Portanto, em muitas regiões do Brasil, o etanol permanece como uma alternativa mais barata.

O impacto da Petrobras nos preços da gasolina

Ajuste da Petrobras em 2024

A Petrobras, principal produtora de gasolina no Brasil, realizou apenas um reajuste significativo em 2024: um aumento de 7,12% ou R$ 0,15 por litro, implementado em 8 de julho. Esse reajuste foi o único realizado nas refinarias ao longo do ano, mas não foi o único responsável pelo aumento no preço da gasolina.

A maior parte do aumento no preço médio da gasolina em 2024 está relacionada a movimentos do varejo e ao encarecimento do etanol anidro, que representa cerca de 27,5% da composição final da gasolina que chega às bombas. O aumento do etanol anidro contribuiu de maneira substancial para o aumento no preço da gasolina.

O diesel e seus preços em 2024

Aumento no preço do diesel

Embora a gasolina e o etanol tenham sofrido aumentos mais expressivos em 2024, o diesel também registrou elevações significativas. O preço médio do diesel comum subiu 3,85% no acumulado do ano, enquanto o diesel S-10, que é menos poluente, teve um aumento de 2,79%. O preço médio do diesel comum foi de R$ 6,20 por litro, enquanto o diesel S-10 fechou o ano a R$ 6,27 por litro.

Esses aumentos foram mais moderados quando comparados à gasolina e ao etanol, em parte devido à ausência de reajustes nos preços do diesel nas refinarias da Petrobras em 2024. No entanto, o aumento de preços nas refinarias privadas, como a Acelen, e a alta nos custos de importação de diesel explicam, em parte, o aumento no preço do combustível.

O efeito das refinarias privadas

Acelen e o impacto no mercado de diesel

A Acelen, uma refinaria privada que responde por cerca de 14% da produção nacional de derivados, teve um papel importante no aumento dos preços do diesel em 2024. O Brasil importa entre 20% e 30% do diesel que consome, o que torna o mercado de diesel mais sensível às variações nos preços internacionais.

Ao contrário da gasolina, que tem uma maior dependência da Petrobras, o diesel tem uma estrutura de produção e importação mais diversificada, o que torna os preços mais suscetíveis a influências externas, como os custos de importação e os ajustes feitos pelas refinarias privadas.

Considerações finais

O aumento no preço dos combustíveis em 2024 foi uma combinação de fatores internos e externos. A valorização do dólar, os reajustes nos combustíveis, a infraestrutura de distribuição e a variação nos preços do etanol foram elementos que influenciaram diretamente os custos dos combustíveis no Brasil.

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Combustíveis devem subir menos em 2025, diz especialista

Em 2025, os combustíveis não devem subir tanto quanto em 2024. Os dados da Agência Nacional de Petróleo (ANP), como mostrou matéria do G1, nesta segunda-feira, apontaram um salto na casa de 10% no preço da gasolina e de 20,46% do etanol nos postos, no ano que acaba de terminar. Há algumas razões que levam Adriano Pires, sócio-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), a essa previsão.

A primeira delas é a expectativa que o preço do barril de petróleo fique abaixo da média do ano passado, quando se manteve em cerca de US$ 80. Isto porque a produção do petróleo está em alta, no Brasil e no mundo, Donald Trump promete incentivar a produção nos Estados Unidos (um dos seus slogans de campanha era “drill baby drill”). A tendência de preço mais baixo é auxiliada ainda pelo fato, explica Pires, que não há uma forte pressão de demanda, com China crescendo em ritmo mais lento.

O desafio para os combustíveis no Brasil é o câmbio, que roda no patamar de R$ 6 desde o fim de novembro e a projeção do mercado, divulgada no primeiro Boletim Focus do ano, é que se mantenha assim até o fim do ano. No entanto, essa pressão, diz Pires, deve ser atenuada pela política de preços abrasileirada adotada pela Petrobras, em maio de 2023, que mantém uma defasagem de 11% na gasolina e de 9% no diesel.

Não vejo nenhuma indicação de que a Petrobras vá mudar a sua política de preços, que aliás, é uma caixa preta que permite que a empresa mantenha a paridade do mercado internacional, quando o preço cai, e mantenha o valor do mercado interno defasado quando sobe lá fora, numa política de petroestados como Venezuela e Arábia Saudita. Isso é ruim para o país, que deveria adotar uma politica de mercado, que incentivasse a concorrência. Mas nada indica que isso vá mudar, num cenário que a alta do combustível é ruim para a popularidade e pressiona a inflação, que ao que tudo indica ainda ficará fora da meta este ano – avalia.

Uma mudança nesse cenário, diz Pires, só acontecerá com uma guinada na geopolítica, agravamento dos conflitos do Oriente Médio e entre Ucrânia e Rússia.

– Nada aponta nessa direção. Inclusive a sinalização de Trump que chegando a presidência pretende atuar para colocar um ponto final no conflito entre Rússia e Ucrânia – pontua o especialista, que acredita que caso a defasagem entre os preços dos combustíveis e no exterior chegasse a casa dos 20% ou 30% novas medidas poderiam ser tomadas. – Mas não acho esse um cenário provável nesse momento.

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