A flexibilização do isolamento deve levar à recuperação de vendas e margens de lucro das distribuidoras de combustíveis.
A melhora não será rápida, principalmente no segundo trimestre, por conta das medidas restritivas para conter o avanço do novo coronavírus. Mas analistas dizem que o aumento da demanda por combustíveis vai favorecer, no médio prazo, os ganhos das principais empresas da área no País.
“Certamente a flexibilização do isolamento elevará a demanda por combustíveis pelo maior movimento e também por recomposição de estoques em empresas”, diz Alvaro Bandeira, sócio e economista-chefe do banco digital Modalmais. “Consequentemente, é de se esperar recuperação dos volumes de vendas das distribuidoras de combustíveis, porém, partindo de volumes muito baixos de abril e maio.”
Para ele, a recuperação das margens deve acontecer a partir do segundo semestre, apesar de forma lenta. Bandeira afirma que é preciso, por exemplo, “avaliar em detalhes a performance da BR Distribuidora nesse segmento, no qual existem poucas grandes empresas”. Logo após a divulgação do resultado do primeiro trimestre, na semana passada, o presidente da BR Distribuidora, Rafael Grisolia, disse que os impactos da queda de demanda foram fortes em março, mas que o volume de vendas de diesel já está voltando para níveis pré-crise.
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A BR afirmou que os volumes de venda no Ciclo Otto (gasolina e etanol) sofreram na última semana de março redução de 55%, em relação à média diária acumulada desde o início do trimestre. Os volumes de diesel sofreram redução de 25% e os do segmento de aviação, diminuição de 60% na mesma comparação. Como consequência, os volumes médios totais do trimestre apresentaram queda de 7,4% em relação ao quarto trimestre de 2019, sendo 14,9% de redução no Ciclo Otto, 6,5% no diesel e 8,2% na aviação.
Renato Chanes, estrategista de pessoa física da Santander Corretora, no caso da gasolina e do etanol os volumes ainda continuam cerca de 15% menores do que os observados no pré-crise (embora tenham se recuperado da queda de 30% durante o mês de abril), mostrando avanços nas últimas semanas, em linha com a flexibilização das medidas de isolamento. Quanto a aviação, o cenário continua bastante desafiador, diz ele. Após uma queda inicial entre 90% e 95% em abril, as distribuidoras estão rodando ao redor de 25% da demanda pré-crise.
“Para os próximos meses, nossas expectativas são de que os volumes continuem melhorando. Uma tendência é que o etanol ganhe participação de mercado da gasolina, devido aos repasses de preços da Petrobrás e a sazonalidade favorável da cana de açúcar”, afirma Chanés.
Em termos de resultados, o Santander espera que as empresas listadas tenham mais uma vez perdas com estoques no segundo trimestre, de forma similar ao observado entre janeiro e março deste ano, com volumes ainda baixos e com maiores impactos esperados na Raízen e na BR Distribuidora (por conta da exposição à aviação). Segundo o Santander, a BR Distribuidora tem maior exposição ao B2B (diesel), o que compensa parcialmente a aviação.
*Extraído da Revista Portos e Navios
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