Ver uma mulher, devidamente uniformizada, abastecendo um veículo, calibrando um pneu e atendendo os clientes na pista não era muito comum nos postos de combustíveis. Mas o aquecimento do mercado de trabalho, principalmente nos setores de construção civil, siderurgia e metalurgia, tem deixado a revenda de combustíveis carente de profissionais do sexo masculino.
Com isso, aliado a diversas competências inerentes a elas, as mulheres têm, cada vez mais, ocupado postos de trabalho antes dominados por homens.O posto Grand Prix, na Via Expressa de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, é um exemplo bem-sucedido da contratação de mulheres para o cargo de frentista. Dos nove trabalhadores que exercem a função, seis são mulheres.
“A escassez de homens no mercado coincidiu com a percepção do gerente do posto de que os clientes gostam do atendimento das frentistas, do tratamento delas, que costuma ser mais gentil. Além disso, o ambiente do posto fica mais organizado e mais limpo”, ressalta Leonardo Lemos Silveira, proprietário do posto e da Rede AEL e membro suplente do Conselho Fiscal do Minaspetro.
Liliane Soares dos Santos, por exemplo, está grávida do segundo filho e trabalha no posto há seis meses. Antes, era operadora de produção em uma indústria. “Gosto de trabalhar no posto. Foi uma oportunidade que apareceu e me ajudou muito”, ressalta. Ela conta que, na única vez em que foi questionada por um cliente pelo fato de ser mulher – ele disse que queria ser atendido por um homem –, provou com trabalho que isso não interfere na competência. “Agora, ele sempre abastece aqui. E com mulheres.”
Baiana, Edileuza Aragão dos Santos saiu de Porto Seguro quando o marido foi transferido para Minas Gerais. “Sempre quis ser frentista, achava interessante. E aqui eu encontrei a oportunidade que procurava”, conta a funcionária, que está há sete meses no posto.Com homens buscando emprego em outros segmentos, mulheres assumem o posto e se dão bem. Mas Leonardo Silveira observa que há, como em todos os segmentos, desvantagens na contratação de mulheres. “É mais difícil conseguir mulheres que trabalhem até as 22h, porque elas têm medo de voltar para casa nesse horário, além de terem responsabilidades com a família.”
O crescimento do ingresso de mulheres em postos de trabalho quase sempre ocupados por homens é confirmado por especialistas, que citam, inclusive, o problema apontado por Leonardo Silveira: carência de mão de obra. Mas a maioria dos profissionais de recursos humanos sinaliza para a importância de haver um equilíbrio entre homens e mulheres nas empresas. “Acredito que a diversidade de opiniões e de percepções é um caminho para a ampliação do conhecimento nas organizações. Assim, se a empresa privilegia o trabalho de um dos gêneros – masculino ou feminino – em seu quadro, pode perder a oportunidade desse aprendizado. Visões diferentes podem gerar formas alternativas de soluções de problemas e novas perspectivas de ganhos para as empresas”, ressalta a diretora da Associação Brasileira de Recursos Humanos em Minas Gerais (ABRH-MG), Virgínia Gherard.
Fonte: Revista Minaspetro.