Tanques e bombas sem manutenção adequada podem explodir mesmo vazios.
Durante períodos de reformas, paralisação dos serviços por dificuldades financeiras ou desacordo com as normas de funcionamento estabelecidas pela prefeitura, é comum que postos de combustíveis mantenham no terreno onde estão localizados toda a estrutura de funcionamento, inclusive bombas e tanques, que, sem manutenção, correm o risco de explodir ao entrar em contato com qualquer faísca ou até mesmo de forma errada com o oxigênio.
De acordo com o gerente técnico do laboratório de combustíveis (Lac) da UFPE, João Rangel, ainda que vazios, os tanques devem ser alvo de manutenções rotineiras. “Mesmo que a coleta de todo o material inflamável tenha sido feita, é preciso que os tanques sejam retirados ou passem por um processo contínuo de manutenção. Os tanques possuem passagens, conhecidas como suspiros, que aliviam a pressão interna, e ao entrar em contato com alguma faísca provocada por cigarros, por exemplo, podem ocasionar explosões”, explica.
No Recife, dos 209 postos em funcionamento, 10 estão em processo de desativação ou estão sem funcionar. De acordo com a Secretaria de Meio Ambiente da cidade, órgão responsável pela fiscalização desses estabelecimentos, não há acompanhamento sobre a manutenção dos equipamentos enquanto os postos não estão funcionando, a não ser que seja aberto um processo de desativação, no qual os proprietários dos postos revendedores devem cumprir normas ambientais e técnicas para a retirada de todo o material.
“Quando o proprietário paralisa as atividades, mas mantém as estruturas, ele tem o interesse de voltar ao mercado. Nesses casos, orientamos que seja feito o isolamento da área com tapumes para que ninguém invada e venha causar algum tipo de acidente. Já quando o estabelecimento entra com um pedido de desativação, é cobrado dele uma série de normas ambientais, que envolvem os riscos de contaminação do solo e a retirada dos materiais inflamáveis com nitrogênio líquido, para que o contato com oxigênio não provoque explosões”, afirma a analista da secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Recife Edilene Rodrigues. Segundo ela, dois postos já foram desativados na cidade. Um no bairro de Boa Viagem, Zona Sul, e outro no bairro do Parnamirim, na Zona Norte; esse inclusive com registro de contaminação do solo.
Ainda segundo João Rangel, a falta de cuidados com esse tipo de material pode ocasionar acidentes como o ocorrido no último dia 8 deste mês, quando um homem, no bairro de Afogados, usou um lixadeira elétrica para realizar um serviço em um tanque desativado e mesmo assim foi atingido por uma explosão. “Dentro dos tanques sempre fica algum tipo de resíduo, que, com o passar do tempo e as mudanças de temperatura, passam da forma de vapor para a forma líquida e ao entrar em contato com algum material que produza faíscas pode ocasionar uma explosão”.
De acordo com o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo de Pernambuco (Sindcombustíveis), não há um número exato dos postos que paralisaram os serviços mas pretendem voltar a funcionar. Entretanto, acredita-se que o número seja pequeno e que a demora comum para reforma nos postos, a crise econômica e a adequação à legislação do município são os principais fatores para desativação.