A rede de postos Alesat, controlada pela trading anglo-suíça Glencore, deve encerrar 2020 com desempenho melhor que o do mercado nacional de combustíveis em geral, um dos setores que mais sentiu os efeitos negativos das medidas para controle da covid-19 no país.
Segundo o presidente Fulvius Tomelin, a conversão acelerada de postos e o foco reforçado em grandes clientes – os do agronegócio, em particular – contribuíram para o resultado positivo.
Essa estratégia, que é complementada pela expansão dos serviços de conveniência nos postos, será mantida em 2021. “Nos primeiros meses de pandemia, os postos embandeirados enfrentaram muita dificuldade. Mas o crescimento nos grandes clientes e o atendimento aos postos bandeira branca ajudaram a compensar”, contou o executivo, em entrevista ao Valor.
Até outubro, as vendas em volume da distribuidora de combustíveis exibiam alta de 6%, contra cerca de 6% de queda do mercado brasileiro segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Especificamente no segmento de grandes consumidores, a participação de mercado da Alesat, que há dois anos era inferior a 2%, chegou a 3,7%.
Quarta maior distribuidora de combustíveis no Brasil, a ALE iniciou há dois anos a execução do plano de crescimento entre grandes consumidores finais, que podem ser empresas de transportes, locadoras de veículos, agroindústria, mineradoras e outras atividades que demandam abastecimento de frotas e equipamentos.
Nesse período, 144 novos clientes chegaram à carteira, com consumo adicional de 65 milhões de litros de combustíveis – somente em 2020, a adição de clientes chegou a 132.
Hoje, o segmento representa cerca de 10% das vendas da distribuidora. Com a mineira Salum Construções, que atua em infraestrutura e presta serviços para mineradoras no Estado, o contrato de exclusividade firmado neste ano prevê fornecimento de 200 mil litros de combustíveis por mês. Com a Accert Transportes e Logística, que atua em cargas fracionadas em São Paulo, Goiás, Bahia, Piauí e no Distrito Federal, o acordo assinado em 2020 engloba 40 mil litros por mês. Especializada na extração de rochas ornamentais no Ceará, a Vermont Mineração já trabalhava com a Alesat há seis anos e acabou aderindo ao contrato de exclusividade, que prevê fornecimento de 75 mil litros de combustíveis mês.
De acordo com Tomelin, nesse segmento, os clientes demandam mais atendimento e contam com “minipostos” instalados em seus pontos de operação. “O produto precisa estar disponível, no momento em que for necessário. Então, a oferta passa por atendimento em tempo integral, logística e equipe dedicada”, afirmou. A carteira é diversificada, mas o agronegócio se destacou em 2020, sobretudo em Mato Grosso, Goiás e Bahia.
Na avaliação do executivo, a venda de refinarias da Petrobras e a multiplicação do número de fornecedores de combustíveis no país não trarão mudanças significativas para a operação da Alesat.
A rede é grande importadora – entre 15% e 20% do volume que vende é importado – e, na compra de etanol e biodiesel, se relaciona com diferentes vendedores.
“A abertura do refino vai tornar a dinâmica ainda mais positiva. Já estamos estruturados para esse momento”, observou.