Estamos otimistas para o ano que vem. O combustível reage rápido a mudanças na economia. Sempre largando com o diesel, puxado pelo consumo no transporte e indústrias.
Após dois anos seguidos de retração, o mercado brasileiro de combustíveis entrou novamente na rota do crescimento e caminha para fechar o ano com uma alta de 0,5% nas vendas de diesel e de 1,4% no ciclo Otto (veículos leves, que consomem gasolina e/ou etanol). Para 2018, a expectativa é que o consumo, como um todo, cresça “pelo menos 2%”, disse o presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), Leonardo Gadotti Filho.
Estudo elaborado pela consultoria Strategy&, da PwC, indica que o mercado brasileiro entrará numa curva de crescimento nos próximos anos e projeta que as vendas de combustíveis (diesel, gasolina, etanol e biodiesel) deverão crescer 58% entre 2016 e 2030, para 177 bilhões de litros, puxadas sobretudo pelo aumento do consumo de biocombustíveis – necessário para cumprimento das metas de redução de emissões da COP-21.
“Estamos otimistas para o ano que vem. O combustível reage rápido a mudanças na economia. Sempre largando com o diesel, puxado pelo consumo no transporte e indústrias, seguido pelo Ciclo Otto, com o aumento das rendas das famílias”, disse Gadotti.
A Strategy& estima que o crescimento do mercado exigirá, num cenário base, até 2030, investimentos de R$ 75 bilhões a R$ 80 bilhões no aumento da capacidade de produção dos combustíveis; mais R$ 12 bilhões a R$ 15 bilhões em infraestrutura.
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Segundo Gadotti, diante dessa necessidade de investimentos, há um senso de urgência na criação de um ambiente regulatório atrativo para a entrada de novos agentes. Caso contrário, sem novas refinarias e investimentos em infraestrutura para importar, o país pode enfrentar entraves no abastecimento, sobretudo diante da sinalização da Petrobras, principal empresa do setor, de que reduzirá seu protagonismo no mercado. “Precisamos antecipar o ambiente regulatório para suportar [os investimentos necessários]”, alertou Gadotti.
O executivo comenta que os passos tomados pelo governo, na estruturação de um novo marco regulatório, e pela Petrobras, a partir da definição de uma política de preços para os combustíveis, “estão na direção correta”. “Mas precisam ser validados pelo próximo governo que vem aí. O primeiro ponto [para atração dos investimentos] é a previsibilidade, se a liberdade de mercado que está sendo construída no setor vai permanecer. Para isso regulação e legislação têm que ser fortes o suficiente para trazer segurança jurídica”, avalia.
Ele destaca que o setor precisa de uma regulação “muito bem arrumada e implementada” e que a Agência Nacional de Petróleo (ANP) terá um protagonismo nesse sentido.
Em meio às discussões sobre o novo marco regulatório do setor, Gadotti anunciou que o Sindicom deixará, a partir de janeiro, de ser um sindicato patronal, para se tornar uma associação. Rebatizada de Plural, a entidade passará a representar não só o setor de distribuição de combustíveis e lubrificantes como também atuará na promoção de discussões regulatórias e legislativas ligadas aos segmentos de logística e abastecimento.
Entre os temas prioritários defendidos pelo setor, estão questões tributárias (hoje existe uma disparidade muito grande de alíquotas de um Estado para outro); além de mais celeridade no licenciamento e ajustes no marco regulatório dos portos, que, na avaliação do executivo, tem sido insuficiente para atrair investimentos.
Fonte: Valor Econômico