Administradora foi alvo de operação contra lavagem de dinheiro com suspeita de envolvimento com o PCC.

Em todo o Brasil, são cerca de três mil empresas que deixaram de receber R$ 450 milhões.

Mais de 300 empresários do Paraná tentam reaver mais de R$ 80 milhões não repassados pela administradora de cartões Inovepay, após a empresa ser alvo de uma operação da Polícia Federal por suspeita de lavagem de dinheiro de criminosos ligados ao PCC.

Em todo o Brasil, são cerca de três mil empresas que deixaram de receber R$ 450 milhões.

No Paraná, são 336 postos de combustíveis e lojas de conveniências, entre outros estabelecimentos.

A tentativa de reaver os valores começou em agosto de 2024. O dinheiro da administradora foi bloqueado pela Justiça, mas liberado em seguida para que pudesse ser repassado para os comerciantes.

Porém, mesmo depois da liberação, os comerciantes alegam que os valores não foram transferidos.A empresa Adiq Pagamentos também é apontada como responsável pelos pagamentos. Ela é responsável por repassar o valor da venda para a Inove, que paga os empresários.

A Adiq Pagamentos afirma que os valores foram depositados em juízo. No entanto, a Justiça Federal de Campinas afirma que o valor em juízo é de cerca de R$ 19 milhões – muito menos do que os R$ 450 milhões devidos. A Justiça Federal orienta que os comerciantes procurem a justiça cível para receber os valores.

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Calote representativo’, lamenta empresário

Ugo Zambon, dono de um buffet em Curitiba, procurou a justiça cível na esperança de recuperar os valores, no entanto, acredita que pode demorar até ser reparado do prejuízo que teve, que passa os R$ 200 mil.

“A gente ficou parecendo bobo. A gente estava esperando esse dinheiro que ia vir, com 10 dias a mais, com 20 dias a mais, mas estava para aparecer para nós este dinheiro. De uma hora para outra, este dinheiro sumiu, e ficamos nós tendo que ir atrás de justiça cível para conseguir alguma coisa. A demora passou de 30 dias para três anos, cinco anos, sabe lá quanto tempo dura isso”, desabafa.

Paulo Staut, dono de um posto de combustíveis em São José dos Pinhais, afirma que precisou fazer um empréstimo para garantir que o negócio continuasse funcionando.

No estabelecimento, a venda por cartões representa mais da metade dos negócios. O dinheiro que ele não recebeu deveria ser usado como capital de giro para garantir as vendas do comércio.

“Nós tomamos um calote representativo, foi bem doído. A gente fez um empréstimo, a um custo altíssimo, porque você vai correndo, não tem como olhar vários bancos, você vai ao banco que te oferece o crédito, você pega, a qualquer valor, porque eu tenho contas a pagar. O meu negócio continua rodando, eu não posso parar”, lamenta.

Maquininha de cartão da Inovepay — Foto: RPC

Descrédito do sistema financeiro

Para Paulo Fernando da Silva, presidente da Paranapetro, entidade representativa dos postos revendedores de combustíveis no Paraná, a situação não apenas prejudica os comerciantes, como também coloca em descrédito todo o sistema financeiro.

“O problema é: se alguém se esquiva dessa obrigação, o problema estoura no estabelecimento comercial, e isso coloca em risco todo o sistema de pagamento”, afirma.

O que dizem as empresas citadas?

A Inovepay não retornou as tentativas de contato feitas pela RPC. No entanto, no site da empresa, publicou uma nota na qual afirma que “não é capaz de realizar, por ora, o pagamento dos valores que deveriam ser repassados aos clientes”, mas que está tomando as medidas necessárias para retomar a atividade e fazer os repasses.

Disse ainda que foi surpreendida pela decisão judicial e a chamou de “precipitada”.

Adiq Pagamentos, por meio do advogado Sânzio Nogueira, reforçou que todos os valores disponibilizados pela Inovepay foram repassados via juízo.

“Os valores remanescentes que existiam em conta, 100%, integralmente, foram repassados ao juízo de Campinas. Nós juntamos o comprovante de depósito, perante o juízo de Campinas, onde todos os estabelecimentos que também ajuizaram ações tiveram conhecimento desse valor. Posso afirmar categoricamente que não existe mais nenhum valor em conta da Inove”, afirma.

O Banco Central afirmou que não comenta processos, mas que trabalha para garantir a solidez e a eficiência do sistema financeiro nacional e o regular funcionamentos das instituições.
Investigação envolvendo a Inovepay

Segundo a investigação que levou ao bloqueio dos bens, as máquinas de cartão de crédito da Inovepay foram utilizadas por empresas de fachada e pessoas físicas ligadas ao tráfico de drogas.

Um dos suspeitos de envolvimento com o PCC recebeu R$ 700 mil a partir de máquinas da Inovepay sem isso constar no extrato de operações.

A operação foi deflagrada no fim de agosto. Foram presas 14 pessoas, em Campinas (SP), São Paulo (SP), Ilhabela (SP), Sorocaba (SP) e Americana (SP).

Sob escolta, carros de luxo apreendidos foram levados para o pátio da PF em Campinas e para um estacionamento alugado pela corporação. São utilitários esportivos e carros esportivos de marcas de luxo, como Porsche, Land Rover, BMW, Volvo e Mercedes-Benz.

Os agentes também apreenderam jóias, relógios e centenas de máquinas de cartão de crédito, além de documentos, celulares e computadores. Os itens devem passar por perícia e depois ficarão depositados em uma conta judicial.

Fonte: /g1.globo.com/

Fiquem atentos ao Brasil Postos para mais novidades sobre essa importante parceria e seus impactos no mercado de combustíveis.

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