Se existe formação de cartel, espera-se que o procedimento aberto pelo Procon surta efeito, identifique o problema e, ainda, influencie nos preços praticados nos postos de combustíveis.
É corriqueiro falar sobre a oscilação do mercado da Bolsa de Valores, do fechamento com quedas ou altas vertiginosas das ações de importantes empresas. Mas, atualmente, nada é mais “temperamental” que as mudanças nos preços dos postos de combustíveis. Em Campo Grande, em apenas sete dias, a variação encontrada foi de 11,9%, segundo pesquisa da Agência Nacional de Petróleo (ANP). O litro da gasolina passou de R$ 2,95 para R$ 3,30 entre os dias 2 e 8 de agosto. A alteração chamou atenção do Procon, que notificou 30 empresários para prestar esclarecimentos sobre as promoções e os aumentos consecutivos.
Em todo o mercado, existe a livre concorrência. Se é possível segurar o preço por mais tempo, com objetivo de aumentar as vendas, outro empresário pode se sentir compelido a fazer o mesmo, para não ter a margem de lucro comprometida. Há que se levar em conta ainda a meta de venda que algumas bandeiras exigem e, para que o objetivo seja alcançado em certo prazo, as promoções são lançadas como cartadas para que se cumpra o estabelecido em contrato. A redução dos preços pode estar embasada nestas explicações, mas, as altas intempestivas e exorbitantes, aparentemente, não estão fundamentadas em critério algum e causam estranheza à população. O mercado é de difícil compreensão para a maioria das pessoas, ou seja, para o consumidor final, que procura se beneficiar da oscilação e busca o menor preço entre os postos da cidade.
Na semana passada, o governador do Estado, Reinaldo Azambuja, sugeriu que o Ministério Público Estadual investigasse a forma como os reajustes eram praticados pelos postos, questionamento feito com a alta dos preços mesmo depois da redução da alíquota do diesel, reivindicação feita pelos caminhoneiros durante os protestos no começo do ano. Em discurso, Azambuja disse que era preciso “verificar irregularidades”. O questionamento é que os esforços que surgiram a partir do protesto, com o cálculo da redução e aprovação na Assembleia Legislativa, parecem não ter surtido efeito desejado. Não se pode ignorar a dificuldade que todos os setores estão sofrendo com a crise econômica e que, muitas vezes, repassar ao consumidor o aumento dos insumos é saída para tentar minimizar as perdas nos lucros. Porém, a variação pelo litro dos combustíveis é das mais voláteis e dinâmicas que se têm no mercado atualmente.
Se existe formação de cartel, espera-se que o procedimento aberto pelo Procon surta efeito, identifique o problema e, ainda, influencie nos preços praticados nos postos de combustíveis. A outra alternativa já foi verificada e está diretamente ligada ao consumidor: a oscilação tão grande de preços fez com que muitos pesquisassem e, por causa da contenção de gastos, optassem em reduzir o consumo. O setor acaba sendo obrigado a se adequar à queda de demanda e refazer os preços praticados. É a velha lei da oferta e procura, que pode ser a arma na eventual cartelização de qualquer setor.