Em 2016, 149 dos 322 postos lacrados no País pertenciam às principais marcas do mercado

Já sentiu seu carro fraco mesmo após abastecer em um posto “de confiança”? Se a resposta foi positiva, você pode ter sido vítima de um estabelecimento que fornecia combustíveis adulterados.

De acordo com informações obtidas com exclusividade pelo R7, com base na Lei de Acesso à Informação, quase metade (46,2%) dos 322 postos lacrados em 2016 por irregularidades nos combustíveis líquidos possuia bandeira tradicional. Ou seja, compram combustível sempre do mesmo fornecedor. A outra metade de postos interditados eram de bandeira branca.

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BR/Petrobras (52 interdições), Ipiranga (34), Raízen/Shell (33) e Ale (14) lideram a lista de estabelecimentos com bandeira que foram lacrados no ano passado. As distribuidoras Equador (4), Sabba (3), Atem’s (3), CiaPetro (1), Simarelli (1), SP (1), Total (1), Atlântica (1) e Charrua (1) completam a relação dos postos de combustíveis embandeirados que foram interditados nos 12 meses de 2016.

O mesmo fenômeno observado no ano passado aconteceu nos dois primeiros meses de 2017, quando 28 das 56 interdições contabilizadas (50%) foram realizadas em postos com bandeira tradicional, dos quais dez detinham a marca Shell, seis Petrobras, quatro Ipiranga e dois Ale.

Apesar de afirmar que os postos bandeirados têm a preferência dos consumidores, o presidente do Sincopetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo), José Alberto Gouveia, avalia que os dados da ANP apontam para uma realidade do atual mercado de combustíveis. Segundo Gouveia, os postos de bandeira branca passaram a buscar por combustíveis de qualidade para atrair clientes.

— Logo que nasceram os postos de banheira branca começou a se falar muito mal desses caras. Diziam que eles eram todos picaretas e estavam no mercado paralelo. Isso hoje não é mais verdade. O bandido está em qualquer lugar, inclusive dentro dos postos bandeirados. […] Não quer dizer que o outro lado seja santo, mas hoje você tem [irregularidades] dos dois lados.

A ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) afirma que a interdição de um posto de combustível não se caracteriza como uma penalidade ao estabelecimento, mas como uma medida cautelar “que se destina a prevenir danos sérios ao interesse público ou à boa ordem administrativa e a paralisar comportamentos de efeitos danosos”.

Revendedores

Em nota, a Petrobras Distribuidora afirma que adota as melhores práticas comerciais, concorrenciais e éticas na relação com o consumidor e exige a mesma postura dos revendedores com sua bandeira. “Se ficar caracterizada uma conduta imprópria do posto, a BR vai aferir as responsabilidades e existem obrigações previstas em contrato, que podem levar até a rescisão do mesmo”, ressalta a empresa.

Apesar de se dizer impossibilitada de comentar a respeito da interdição dos 38 postos da rede entre janeiro de 2016 e fevereiro de 2017 por não ter tido acesso aos dados da ANP, a Ipiranga afirma manter um rígido controle de qualidade nos postos da rede. “No eventual caso de interdições por suspeitas de irregularidades, a companhia atua prontamente para averiguar e solucionar o ocorrido o mais rápido possível por cautela e em respeito aos seus consumidores e revendedores”, afirma a nota. A companhia diz ainda que adquire produtos “somente de agentes autorizados e com situação regular perante as autoridades e realiza todos os testes e análises que são exigidos pelas normas legais relativas ao setor de distribuição”.

A Raízen diz que apura caso a caso ao ser notificada sobre denúncias envolvendo postos da bandeira Shell.

A Ale não havia se posicionado oficialmente até o fechamento desta reportagem.

Fonte: http://noticias.r7.com

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