A venda de 37,5% na maior distribuidora de combustíveis do Brasil confirma que o novo CEO está alinhado com os desinvestimentos da Petrobras
A gigante petroleira brasileira planeja se livrar de sua participação remanescente na rede de estações de serviços BR Distribuidora ainda este ano, e o acordo poder encher o “cofrinho” da Petrobras com US$ 1,5 bilhão, o equivalente a mais de 8 bilhões de reais, informaram a Reuters a três fontes.
Após o boato circular pela internet, a Petrobras comunicou, ontem à noite, ao mercado, que “ainda não foi definido o momento da lançamento da oferta” de venda da participação na BR Distribuidora. O comunicado destaca que a venda de sua participação remanescente de 37,5% será realizada por uma oferta secundária de ações (follow-on), conforme divulgado em 26 de agosto do ano passado.
A Petrobras afirma ainda que a operação está sujeita à aprovação de órgãos internos da companhia, da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e demais autoridades reguladoras
Fontes informaram à agência Reuters que a companhia estuda a venda da fatia remanescente na BR ainda este ano, por cerca de R$ 8 bilhões.
A venda total da participação na BR — com potencial para ser um dos maiores do ano, e a política de preços que segue a paridade, mas evita transferir a volatilidade do mercado de petróleo para os preços domésticos, são alguns dos temas que recebem atenção do novo presidente da Petrobras Joaquim Silva e Luna, que nesta semana atuou um mês no comando da petrolífera.
A BR também já tomou conhecimento do interesse da Petrobras, e houve contatos entre Luna e o presidente da distribuidora Wilson Ferreira Jr.
“A intenção é fazer ainda este ano dentro dos ritos necessários. O assunto está em plena discussão. Mas a ideia é vender tudo”, disse uma das fontes.
“A Petrobras quer vender tudo e foram encomendados os estudos numéricos com cenários para ser tomada a melhor decisão”, adicionou uma segunda fonte.
Uma reunião para tratar do assunto deve acontecer ao longo das próximas semanas, disseram as pessoas a par do tema.
Procurada, a Petrobras não comentou imediatamente. A BR disse que o assunto deve ser tratado com a Petrobras.
Luna e Ferreira já atuaram juntos em Itaipu, quando o presidente da BR estava no conselho da usina binacional enquanto o CEO da Petrobras era o chefe executivo da hidrelétrica.
Esta seria a terceira maior venda de ações da BR Distribuidora
“A BR é um grande negócio e hoje (essa parte da Petrobras) vale mais de 10 bilhões de reais”, disse uma terceira fonte à Reuters. Segundo essa pessoa, faz “todo o sentido” vender porque a ação já ultrapassou 25 reais, em comparação com uma alta histórica de quase 28 reais, em fevereiro de 2020.
“A dívida da Petrobras está em dólar e o dólar está caindo. Então, se você quer pagar mais dólares, é melhor vender agora que a BR atingiu um dos seus maiores valores reais e tem a oportunidade de vender e converter para um valor de dólar mais alto porque a taxa de câmbio caiu”, acrescentou.
A dívida líquida da Petrobras foi de US$ 58,4 bilhões no final de março, ante US$ 63,2 bilhões no ano anterior. No final do ano passado, ao divulgar novas informações sobre desinvestimentos, a meta de venda de ativos da estatal aumentou para US$ 35 bilhões, a partir de 2025, com a inclusão da BR e da petroquímica Braskem no programa.
Petrobras define nova estratégia para preços de combustíveis para controlar disparadas nos preços da gasolina e diesel
A Petrobras já está, silenciosamente, adotando uma nova estratégia para preço de gasolina e de diesel. Não abandonou a paridade de preço, apenas está querendo evitar aquele sobe e desce no preço dos combustíveis, que foi uma marca da gestão anterior, do economista Roberto Castello Branco.
O atual presidente da empresa, Joaquim Silva e Luna, que está há um mês a frente da companhia, pediu para que as áreas técnicas da estatal olhem com carinho os movimentos do dólar e do barril de petróleo antes de orientarem um ajuste para cima ou para baixo no preço do diesel e da gasolina.
A ideia é que os aumentos ou as quedas só aconteçam se houver justificativa estrutural e não pode se basear em movimentos conjunturais. O entendimento é que esse sobe e desce gera muita confusão e, além disso, os aumentos sempre são repassados rapidamente e integralmente — diferente do que acontece com as quedas no diesel e na gasolina.
No primeiro mês à frente da estatal, o novo presidente indicado por Jair Bolsonaro promoveu apenas uma mudança nos preços dos combustíveis.
Mas a orientação é evitar o frequente sobe e desce de preços. Tal volatilidade é considerada prejudicial para a imagem da empresa.
“A paridade não está sendo deixada de lado, mas a orientação dada às áreas técnicas é que tentem diferenciar o que é um movimento conjuntural e passageiro do que é estrutural”, disse a primeira fonte.
“Para mexer no preço tem que haver uma justificativa estrutural”, complementou.
“Se for uma subida de verdade que veio para ficar, a Petrobras ajusta o preço. Mas se foi algo que vai e vem, não faz. As equipes olham os movimentos todos os dias, mas não vai ficar no sobe e desce… Talvez seja uma forma mais flexível de aplicar a paridade, ou melhor, uma forma menos imediata de aplicar”, concordou a segunda fonte.
O presidente Bolsonaro anunciou a troca do comando da Petrobras, com o fim do mandato do economista Roberto Castello Branco, devido a descontentamentos com a política de preços da estatal na administração anterior.
Em meados de maio, o diretor-executivo de Comercialização e Logística, Cláudio Mastella, disse que a nova gestão da Petrobras manteve a maneira de gerenciar ajustes de preços do combustíveis e busca praticar valores em níveis competitivos, evitando repassar volatilidade internacional ao mercado interno.
Fonte: Infomoney