Segundo apurado pela PF, o preço da gasolina vendido pelas distribuidoras ligadas ao esquema de lavagem não bate com o valor que elas recebem dos postos.

Em alguns casos, a PF identificou inclusive que estariam devolvendo parte do valor pago pelos postos em PIX, na conta das distribuidoras

A Polícia Federal identificou uma mudança na postura da facção Primeiro Comando da Capital (PCC) na lavagem de dinheiro com aquisição de postos de gasolina. Segundo informações obtidas pela investigação, as distribuidoras envolvidas no esquema não estão vendendo aos postos o valor correspondente ao preço da gasolina que estes comercializam.

De acordo com a revista IstoÉ, em algumas situações, identificou-se que as distribuidoras estavam devolvendo parte do montante recebido aos postos por meio de transações pelo sistema Pix.

A estratégia do PCC para utilizar postos de combustíveis na lavagem de dinheiro se baseia na alta rotatividade de caixa desses estabelecimentos.

Os investigadores acreditam que os proprietários desses estabelecimentos estão obtendo um lucro fixo por litro de combustível, possivelmente devido à gestão dos postos ter sido arrendada para os responsáveis pelo esquema de lavagem de dinheiro.

Estima-se que o PCC tenha cerca de 1,5 mil postos de combustíveis em todo o país, conforme divulgado pelo colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, no início deste mês.

A estratégia do PCC para utilizar postos de combustíveis na lavagem de dinheiro se baseia na alta rotatividade de caixa desses estabelecimentos, o que torna mais difícil rastrear a origem do dinheiro.

A facção criminosa adotou medidas para dificultar assaltos e fiscalizações nos postos, como a colocação de cortinas e balões coloridos em suas fachadas.

Em 2020, a PF iniciou uma investigação que resultou na identificação de um movimento financeiro de aproximadamente R$ 30 bilhões nos postos de combustíveis relacionados ao PCC.

Além da nova modalidade de lavagem de dinheiro, a facção também utiliza métodos como registros falsificados, vendas fictícias, caixa dois  e superfaturamento por meio de empresas de fachada.

Como funciona a lavagem de dinheiro nesse contexto?

A lavagem de dinheiro no contexto das transações entre distribuidoras e postos de gasolina ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC) podem envolver um processo de ocultação da origem ilícita dos recursos financeiros.

Aqui estão os passos básicos desse processo:

  1. Colocação: Nesta etapa, o dinheiro obtido ilegalmente é introduzido no sistema financeiro. No caso dos postos de gasolina, isso pode ocorrer quando os proprietários recebem pagamentos em dinheiro vivo dos clientes e depositam esses valores em suas contas bancárias.
  2. Estratificação : Os criminosos realizam uma série de transações complexas para dificultar o rastreamento do dinheiro. Isso pode incluir transferências entre contas, compras de ativos (como imóveis ou veículos) e movimentações internacionais. No contexto das investigações, a Polícia Federal suspeita que parte do valor pago pelos postos aos distribuidores seja devolvido por meio de PIX, o que poderia ser uma forma de estratificação.
  3. Integração : Nesta fase, o dinheiro “limpo” é reintroduzido na economia legal. No caso dos postos de gasolina, isso pode acontecer quando os proprietários usam os recursos para pagar fornecedores, funcionários ou outras despesas operacionais. A discrepância entre o preço da gasolina vendido pelas distribuidoras e o valor que elas recebem dos postos pode ser uma maneira de integrar o dinheiro ilícito.

Presença do Crime Organizado em Várias Regiões

O crime organizado no setor de combustíveis não está restrito a São Paulo e Rio de Janeiro. As facções criminosas se expandem para o Nordeste, Centro-Oeste e Sul, aumentando seu controle. A disseminação dessas atividades criminosas gera preocupações entre as autoridades e a sociedade.

Conforme as autoridades apertam o cerco em São Paulo, as facções se expandem para outras regiões. A robusta musculatura financeira do crime organizado permite que eles verticalizem suas operações, controlando desde a distribuição até o transporte de combustíveis. A infiltração em várias etapas da cadeia produtiva aumenta a complexidade do combate.

A presença do crime organizado em várias regiões do Brasil mostra a necessidade de uma resposta coordenada e abrangente. Medidas isoladas não são suficientes para enfrentar o problema. A cooperação entre diferentes níveis de governo e a implementação de políticas eficazes são cruciais para combater a expansão das facções criminosas.

Fraudes Comuns no Setor de Combustíveis

As fraudes no setor de combustíveis incluem o uso de chips em bombas, mistura de metanol no etanol e venda de diesel como biodiesel. Essas práticas resultam em prejuízos bilionários. Emerson Kapaz, presidente do Instituto Combustível Legal (ICL), afirmou que facções criminosas estão presentes em toda a cadeia produtiva do setor.

Um caso recente no Amapá exemplificou a dimensão do problema. Um esquema de desembarque offshore de combustível resultou em um prejuízo de R$ 1,4 bilhão em impostos não pagos em apenas cinco meses. As fraudes operacionais prejudicam a arrecadação fiscal e a competitividade do mercado.

PCC intimida executivos do setor de postos de combustível

O PCC tem ameaçado de morte executivos do setor de combustíveis que se opõem publicamente a expansão da organização criminosa no setor. Os ataques também se estendem a familiares, relataram fontes do ramo empresarial a revista Oeste.

Conforme depoimentos à reportagem, integrantes da facção realizam ligações telefônicas initmidadoras e mandam até correspondências com mensagem velados em endereços de seus alvos.

De acorco com esses executivos, o procedimento ocorrem também com donos de postos. O objetivo: cooptá-los para expandir a rede do crime. Se o proprietário se recusar a colaborar, corre o risco de morrer.

Outro elemento que compõem o modus operandi é sufocar financeiramente postos de gasolina específicos, com unidades sob controle do crime, para facilitar a “rendição” dos que não são do PCC.

Fonte: Revista OESTE

 

 

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