A Petrobras tem conversado com a japonesa Mitsui sobre como será feito o desinvestimento de sua participação na Gaspetro, empresa que controla distribuidoras de gás e na qual ambas as companhias são sócias, disse nesta sexta-feira a diretora de Refino e Gás Natural da estatal, Anelise Lara.

Ela acrescentou, no entanto, que ainda não há uma definição na Petrobras sobre um modelo para a transação, embora a Mitsui tenha preferência na negociação por já ser sócia do ativo.

A Petrobras tem atualmente 51% da Gaspetro e o restante pertence à Mitsui. A Gaspetro tem participação acionária em 19 empresas de distribuição de gás natural, das 27 constituídas no país, segundo o site da companhia.

A gente tem conversado com Mitsui sobre o desinvestimento na Gaspetro… São duas opções na mesa: ou a gente sai… vendendo 51% ou vende participações nas distribuidoras estaduais“, disse ela, em coletiva com a imprensa sobre os resultados do segundo trimestre.

A privatização da Gaspetro é uma das determinações que estão previstas em um acordo recente fechado entre Petrobras e o órgão antitruste Cade, que prevê a saída completa da Petrobras da distribuição e transporte de gás natural até o fim de 2021.

As medidas estão em linha com um amplo e ambicioso plano do governo federal, chamado Novo Mercado de Gás, para atrair mais investidores para o setor de gás natural, criando competição e redução de preços, em meio a uma menor participação da Petrobras.

Questionada sobre se a venda completa da Gaspetro para a Mitsui poderia ser vetada pelo Cade, a diretora disse que o órgão antitruste é quem deverá responder essa questão.

A venda da Gaspetro viria também como parte de um grande plano de desinvestimentos da Petrobras, que tem se desfeito de ativos considerados não essenciais para focar na exploração e produção de petróleo em águas profundas.

A companhia já levantou 15 bilhões de dólares com esses negócios no acumulado do ano até o fim de julho.

A diretora executiva de Finanças e Relacionamento com Investidores, Andrea Almeida, destacou que transações que somarão outros 4 bilhões de dólares, com a venda de outros oito ativos, já foram assinadas e estão em fase de conclusão.

GOVERNANÇA E PLANOS FUTUROS

Mais cedo, em teleconferência com analistas, o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, afirmou que o próximo plano de negócios da empresa irá buscar aproximá-la de seus competidores internacionais.

O objetivo será igualar rivais globais em termos de desempenho em indicadores relacionados a custo, eficiência, retorno do capital empregado e custos de capital.

As petroleiras internacionais deverão ser uma referência para a Petrobras também em termos de aprimoramento da governança, segundo Castello Branco.

A Reuters publicou recentemente, com informações de fontes, que a Petrobras avalia deixar um programa da bolsa paulista B3 criado para atestar a governança de empresas estatais brasileiras.

Ao falar sobre o tema, Castello Branco afirmou que a petroleira estatal “quer se espelhar nas melhores do mundo e não em um grupo especifico de empresas brasileiras”.

Ele negou, porém, que haja estudos para saída do programa, acrescentando que nada está decidido e que o assunto “é irrelevante”.

“Não é porque a gente pertence a um clubinho lá que vamos ser ‘campeões’ (em governança)”, frisou.

Ele ressaltou também que a Petrobras seguirá seus planos de focar em exploração e produção, após ser questionado sobre a estratégia de grandes petroleiras globais de apostar em investimentos em energias renováveis e diversificação do portfólio.

Castello Branco disse que a companhia não irá desenvolver ativos em outros setores “só porque os outros estão fazendo”.

“A Petrobras não está indo para uma direção completamente diferente, cada companhia escolhe o que é melhor para ela…eu vou fazer o que for melhor para nossos acionistas”, afirmou, ressaltando que não pretende “copiar” os passos de rivais como Shell e Exxon, por exemplo.

Na área de energias renováveis, Castello Branco reafirmou que os investimentos da Petrobras estarão voltados a pesquisa e desenvolvimento.

É um negócio que requer competência diferente do negócio de petróleo e gás. Se formos entrar nesse jogo, é para entrar para ganhar e não entrar açodadamente só por que os outros estão fazendo. É proibido perder dinheiro.”

Ele ainda questionou o nível de envolvimento das rivais com iniciativas voltadas a energia limpa.

Existe muito marketing e na realidade poucas ações de fato. Se formos ver as companhias europeias que focam em renováveis, a projeção de renováveis em suas receitas em 2030 é de 1% ou no máximo 1,5%. Na prática, não é tudo isso.”

COMPERJ

Sobre a refinaria do Comperj, em Itaboraí (RJ), Anelise Lara afirmou que a empresa está praticamente em fase de conclusão do estudo de análise técnico-econômica sobre uma possível parceria no ativo com a chinesa CNPC.

“Esse estudo deve ser concluído até o final de setembro e aí sim vamos ter avaliação feita internamente e por uma empresa com expertise em grandes obras e refinarias, e, essa avaliação da CNPC é que vai subsidiar a nossa decisão se vamos a frente ou não com Comperj”, afirmou a diretora.

Fonte: EXTRA

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