Sistema hot seat prevê economia de R$ 30 bilhões ao ano para o setor.Estimativa da
SleepBoll é gerar 120 mil empregos e uma arrecadação de impostos na
ordem de R$ 50 bilhões um período de dez ano.
A startup SleepBoll anuncia a implantação de oitenta mil cabines para o descanso de motoristas em rodovias brasileiras nos próximos anos visando atender o mercado de logística de longa distância. De acordo com o CEO da empresa, Luciano Paixão, será investido 1,5 bilhão de reais pela iniciativa privada, “Incluindo em um segundo momento a demanda do setor de turismo, poderemos chegar a 500 mil unidades instaladas para abastecer também a necessidade de viajantes pelo Brasil”, comenta. Outro destaque é o atendimento médico e psicológico viabilizado por profissionais de medicina e da psicologia de tráfego na mesma estrutura, em convênio firmado com a Abramet (Associação Brasileira de Medicina do Tráfego) e a Abrapsit (Associação Brasileira de Pasicologia do Tráfego). “Com isso pretendemos atuar de forma preventiva na saúde dos trabalhadores, reduzindo substancialmente o fator de fadiga e da saúde orgânica dos motoristas”, completa.
João Jorge Couto da Silva, presidente do Setcergs – Sindicato das empresas de
transporte de cargas e logística do RS, ao lado de Luciano Paixão, CEO da SleepBoll
(dir.) na Fenatran 2019
Divulgação
As cabines de descanso da SleepBoll, ou pequenos dormitórios, ganham um algoritmo de inteligência artificial ligado à gestão do controle de revezamento de motoristas (hot seat) nos caminhões. O sistema considera fatores como jornadas intermediárias, embarque, desembarque, melhor rota, paradas obrigatórias, paradas do veículo para manutenção preventiva ou corretiva, jornada de trabalho, folgas do motorista com a família, férias, afastamentos do trabalhador, posicionamento das trocas, conectividade em tempo real com as gerenciadoras de riscos e seguradoras. A solução é disponível em “nuvem” para todas as empresas conveniadas no uso dos leitos.
Para desenvolver a tecnologia e implementar o projeto das cabines de descanso nas rodovias brasileiras, em pontos estratégicos como postos de combustíveis, aeroportos e pedágios, a startup formou uma aliança com as entidades de classe e empresas parceiras, a fim de juntas reivindicarem facilidades de financiamento via Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social e Governo Federal. “Assim, fazer valer o que está previsto na Lei 13.103/2015, visando a abertura da linha de crédito com taxa de juros de longo prazo e carência, com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador)”. Ainda na visão do CEO da SleepBoll, a associação de esforços ao sucesso do projeto deverá gerar 120 mil empregos diretos e indiretos, além de uma arrecadação de impostos na ordem de cinquenta bilhões de reais em um período de dez anos.
“O setor logístico já contribuiu mais de 56 bilhões de reais desde a criação da Lei do Caminhoneiro em 2015. Hoje o BNDES fica com administração de 40% do fundo oriundo das contribuições de PIS da iniciativa privada”, mostra Luciano.
O sistema preventivo da SleepBoll prevê uma economia superior a trinta bilhões de reais por ano no custo direto do transporte e mais de cinco bilhões ao ano com valores inerentes à previdência social e SUS provocados pelos acidentes de trânsito em rodovias. Os números foram apresentados durante a Fenatran 2019 (Feira Nacional do Transporte), ocorrida na Expo São Paulo entre os dias 14 e 18 de outubro. Mais de 60 mil profissionais ligados ao setor do transportes visitaram o evento, entre montadoras, implementadoras de caminhões e carretas, transportadoras, locadoras, acessórios, rede de postos de combustíveis, caminhoneiros e entidades representativas. “Estamos em um estágio avançado para que o projeto seja implementado em 2020 em todo território nacional, Temos o apoio da maior parte das federações e sindicatos de transportadoras de cargas, transportadoras, indústrias e redes de combustíveis”, diz Luciano.
Luciano Paixão explica que a SleepBoll foi criada com o propósito de salvar vidas nas estradas, tendo em vista a solução completa que desenvolveu para a logística de longa distância. O executivo lembra que foram destinados duzentos bilhões de reais nos últimos vinte anos com 672 mil mortes decorrentes de acidentes de trânsito nas rodovias brasileiras. Ainda, duas milhões de pessoas ficaram incapacitadas. “Era necessário mais que pontos de parada para atender o segmento. Enxergamos uma oportunidade de resolver um sério problema social. É preciso lembrar, ainda, que caminhões não foram concebidos para servirem de alojamento e nem cozinha. Hoje esses ficam 50% do período da viagem parados, gerando um custo diário de mil e duzentos reais ao setor, chegando a perda de trezentos mil reais em um ano por veiculo. Isso faz com que o transportador e o caminhoneiro autônomo viajem muito além do tempo seguro de direção”, conclui.
O custo inicial da hora de sono na cabine é de doze reais, sendo a receita compartilhada para investidores e postos de combustíveis que cuidam da manutenção da limpeza, energia e segurança das cabines de descanso. Um terço da receita vai para a plataforma fazer a gestão do hotseat e controles de ocupação.