A Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis), entidade que representa os interesses de cerca de 40 mil postos em todo o Brasil, se posicionou contra o fim da isenção de impostos federais sobre combustíveis.

Nesta semana, o futuro ministro da Fazenda,  Fernando Haddad (PT), pediu que o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) não prorrogue a isenção do PIS e Cofins para o próximo ano, permitindo que o próximo governo tome uma decisão sobre o tema com mais calma.

Os impostos foram zerados até o fim deste ano com o objetivo de conter a escalada do preço do diesel e da gasolina.

Em nota, a Fecombustíveis disse que a volta dos impostos deve impactar o preço dos combustíveis na bomba, prejudicando “toda a sociedade, bem como os 42 mil postos do país”.

De acordo com cálculos do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), a  volta dos tributos pode fazer o preço da gasolina subir R$ 0,69 por litro, o do diesel R$ 0,33, e o do etanol R$ 0,26.

A Fecombustíveis defende uma tributação monofásica sobre os combustíveis. “Além de simplificar, não cria distorções e combate a sonegação fiscal e a competição desleal nas fronteiras entre os Estados”, argumento a entidade.

MINASPETRO

O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro) reprovou a possível volta do PIS, Cofins e Cide, impostos federais sobre os combustíveis, o que pode elevar os preços ao consumidor em todo o país já no início de 2023. Segundo a associação que representa os postos, a medida acende um sinal de alerta para o mercado.

“A indecisão do governo sobre estender a isenção gera falta de previsibilidade para consumidores e empresariado. É preciso uma comunicação mais clara para a população para que todos os clientes entendam que o revendedor não é o culpado pela alta”, diz a nota enviada pelo Minaspetro.

Nos cálculos do sindicato, a reoneração dos combustíveis pode provocar um aumento dos preços para o consumidor ainda maior do que a estimativa do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), que citou um possível reajuste de R$ 0,69 no litro da gasolina, R$ 0,33 no do diesel e R$ 0,26 no do etanol. “A previsão aproximada de aumento com a volta do PIS, Cofins e Cide pode chegar até R$ 1 para a gasolina, R$ 0,50 no etanol e R$ 0,40 no diesel”, estima o Minaspetro.

Analistas de mercado ouvidos pela reportagem também avaliaram os impactos do possível retorno dos impostos federais no setor. O diretor comercial da Valêncio Consultoria Combustíveis, Murilo Genari Barco, acredita que a população com menos dinheiro será a mais afetada.

“Até as entidades de classe do segmento de combustíveis estão pedindo para que não haja este aumento, até porque isto gera inflação e ela pesa no bolso dos mais pobres. Aumenta custo de transporte e, consequentemente, também os preços de mercadorias. Quem mais sofre é a população com menor poder aquisitivo. Então o aumento de impostos não é benéfico, principalmente no momento em que estamos vivendo, com crise mundial energética. O Brasil também depende de produtos importados”, avalia.

E o especialista também argumentou que o país já arrecadou quase R$ 3 trilhões em impostos em 2022, de acordo com dados do impostômetro, mesmo sem a cobrança dos tributos federais sobre os combustíveis, desde o meio do ano. “Claro que a volta dos impostos aumentaria a arrecadação federal. Mas pelos últimos dados divulgados, mesmo com essa desoneração, o país bateu recorde de arrecadação”, explica.

O sócio proprietário da Raion Consultoria Empresarial, especializada em combustíveis, Eduardo Melo, também é contra a volta dos impostos e diz que a União deveria adotar outras medidas. “Esta equação tem outros elementos. Por exemplo, o governo poderia reduzir gastos e avançar nas reformas tributária e administrativa, que aí ele consegue diminuir custos, reduzir impostos e ter recursos para fins sociais”, afirma.

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Risco de desabastecimento

Os técnicos consideram que há baixo risco de desabastecimento no país nos primeiros dias do ano, mas é preciso levar em conta que esse risco existe e precisa ser monitorado.

Um tanque de automóvel tem capacidade média de 55 litros e, considerando os cálculos apresentados neste artigo, o motorista pagará em média R$ 38,00 a mais para encher o tanque de seu veículo, valor expressivo principalmente considerando as categorias que utilizam veículos para fins profissionais.

Um tanque de caminhão tem capacidade média 500 litros, o que significa que para enchê-lo o motorista gastará em média R$165,00.

A exemplo do fenômeno ocorrido no início da greve dos caminhoneiros em 2018, a população tende a encher o tanque dos veículos e tentar estocar combustíveis quando a mídia noticia possíveis aumentos repentinos de preços.

Essa tentativa de economizar pode gerar um movimento de aumento da demanda que a tancagem não conseguirá suprir, podendo levar ao desabastecimento instantâneo, ainda que pontual, nos primeiros dias do ano.

Além desse movimento, sabe-se que aos primeiros sinais de aumento da demanda pela formação de filas os agentes de revenda tendem a aumentar o preço dos combustíveis, amplificando o efeito de desordem e gerando consequências negativas que precisam ser evitadas no início do novo governo.

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O analista acredita ainda que se a medida for inevitável, o governo federal deveria fazer a reoneração aos poucos. “Poderia ocorrer de forma gradual. Existe uma perspectiva para 2023 do barril de petróleo, que hoje está na faixa dos 80 dólares, ter uma redução de preço. Assim, o governo poderia esperar esta queda para elevar gradualmente os impostos, aumentando a arrecadação federal. Mas isto deveria ser melhor discutido, dentro de um cenário que preserve o equilíbrio fiscal, o que ainda é uma incerteza”, conclui.

Impostos federais

Os impostos sobre os combustíveis foram zerados em junho de 2022, às vésperas da campanha eleitoral e em meio à escalada do preço dos combustíveis nos postos. A isenção está garantida até o dia 31 de dezembro deste ano e o novo governo federal eleito sinalizou que não manterá o corte.

O futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não concordou em prorrogar o corte de impostos. Depois da PEC da Transição, que aumentou a licença para gastos, o futuro governo conta com o aumento da arrecadação para diminuir o déficit nas contas públicas já contratado para 2023. O impacto da prorrogação da medida seria de R$ 52,9 bilhões no ano cheio. Setores do mercado financeiro pressionam pelo fim da desoneração para a melhoria das contas públicas.

Retorno de tributos sobre combustíveis vai prejudicar toda a sociedade, diz Fecombustíveis

Em nota divulgada na tarde desta quarta-feira, a Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis) se posicionou contra o retorno da cobrança dos impostos federais (PIS/Cofins e Cide) sobre os combustíveis em janeiro de 2023.

A federação e seus 34 sindicatos filiados também se mostram contrários à retirada da gasolina da categoria de produtos essenciais.

A inclusão foi determinada pela Lei Complementar 194/2022, que alterou o sistema de cobrança. No texto, a Fecombustíveis frisa que o retorno dos impostos federais e estaduais traz de volta o Preço Médio Ponderado ao Consumidor Final (PMPF), que é a base de cálculo do ICMS, e que passa por reajuste a cada 15 dias, podendo impactar no preço final do produto na bomba. A federação destaca ainda que a alíquota única e monofásica do ICMS do diesel biodiesel e o Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) no modelo ad rem (valor em reais por litro), definida pelo Conselho Nacional de Política Fazendária (Confaz), só será válida a partir de abril de 2023.

A Fecombustíveis defende a monofasia tributária no sistema ad rem para todos os combustíveis com o argumento de que este tipo de cobrança simplifica o atual modelo de tributação. “Além de simplificar, não cria distorções e combate a sonegação fiscal e a competição desleal nas fronteiras entre os Estados”, sustenta a entidade na nota.

Na avaliação da Fecombustíveis, o retorno da cobrança dos tributos (não só da gasolina, mas de todos os combustíveis) “vai prejudicar toda a sociedade, bem como os 42 mil postos do país.”

Fim da desoneração dos impostos federais sobre combustíveis deve elevar preços a partir de 1º de janeiro

Estimativa da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes aponta que a gasolina deve ter aumento R$ 0,68 por conta do PIS, Cofins e também o Cide.

O Diesel R$ 0,33 e o etanol R$ 0,25. O peso no bolso dos consumidores pode ser ainda maior porque também acabará o limite da alíquota do ICMS cobrado pelos estados.

Mesmo antes da desoneração, quem precisou abastecer hoje no Distrito Federal teve uma surpresa ao chegar aos postos de combustíveis. A gasolina que antes em alguns estabelecimentos era encontrada por menos de R$ 5, agora chega a R$ 5,49. A justificativa, segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis do Distrito é o aumento do preço do etanol anidro, que representa 27% do volume da gasolina. Os empresários dizem também, que já à espera do aumento que virá com o fim da desoneração, as distribuidoras estão limitando a quantidade de produto aos postos. Segundo o presidente do Sindicombustíveis DF e também vice-presidente da Fecombustiveis, Paulo Tavares, a perspectiva de uma corrida aos postos antes do novo reajuste também leva os donos de postos a elevarem os preços.

“É uma questão de se proteger de não ter recurso depois pra repor seu estoque, uma conta muito simples. O produto que hoje custa R$ 1 você vende por R$ 1,20. Se acabou seu estoque o produto vai custar R$ 1,70 porque aumento é de R$ 0,70. Então como vc vai ter recuso para comprar estoque que no dia anterior vc vendeu mais barato que vai comprar no dia seguinte?”

Volta de imposto fará gasolina subir R$ 0,69 nos postos

Informação foi divulgada pelo ministro Adolfo Sachsida. Haddad pediu a Guedes que não prorrogue a desoneração sobre combustíveis

A volta de tributos federais sobre combustíveis em território brasileiro pode elevar o preço da gasolina em até R$ 0,69 por litro, de acordo com levantamento do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). A organização também estima aumento de R$ 0,26 por litro no valor do etanol, e R$ 0,33 no caso do diesel.

A informação foi divulgada na manhã desta quarta-feira (28/12) pelo atual ministro de Minas e Energia, Adolfo Sachsida.

“Preço da gasolina, diesel e etanol vai AUMENTAR a partir de janeiro por escolha do novo governo. O governo do PT optou por não prorrogar a isenção de tributos federais sobre combustíveis”, escreveu.

“Bomba-relógio”

O presidente do Sindicombustíveis-DF e vice-presidente da Fecombustíveis, Paulo Tavares, afirmou que o aumento do produto será automático. Pelos cálculos da entidade, no caso da gasolina, o retorno das taxas de PIS, Cofins e Cide causará o impacto direto de R$ 0,69 no DF.

Segundo o sindicato, a forma e o tempo para o aumento ainda são incógnitas. “Em tese, o posto de combustível é obrigado a aplicar no primeiro dia”, disse Tavares. A distribuidora é o órgão de origem para recolhimento de impostos. Mas operam com cotas trimestrais. Ou seja, os estoques do último trimestre de 2022 estão perto do fim.

Na teoria, o aumento começa pelas distribuidoras, mas o sindicato não sabe como será repassado. Para o setor, é uma situação “sui generis“. “Nós somos contra a volta dos impostos. Mas esse filho não é nosso. Foi um momento político de eleição. E essa bronca tem data e hora para terminar”, afirmou Tavares.

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