No período de 18 a 24 de junho, por exemplo, a ANP apresentou um preço médio de R$ 5,35 por litro para a gasolina e de R$ 3,74/L para o etanol. Já a ValeCard, empresa especializada em soluções de gestão de frotas, calculou o valor da gasolina em R$ 5,50/L e o do etanol em R$ 3,82/L. Além disso, órgãos de vários estados fazem pesquisas que não coincidem com os valores divulgados pela ANP.

Isso acontece devido à adoção de diferentes metodologias de coleta de dados e/ou de cálculo. Segundo a agência, o preço divulgado como a média nacional leva em conta não somente o que é observado nos postos, mas também os volumes vendidos – desta forma, os valores cobrados em grandes mercados consumidores têm maior representatividade no número final.

“O preço médio nacional é obtido ponderando-se os preços médios regionais pelo volume comercializado em cada uma das respectivas regiões. Ou seja, o cálculo das médias nacionais não considera apenas os preços médios de cada região, mas também o volume comercializado”, explica a ANP.

Esta opção da agência justifica porque a relação entre o preço médio nacional da gasolina e o do etanol era de 69,9% na semana de 18 a 24 de junho, embora apenas três estados – São Paulo, Mato Grosso e Goiás – tivessem resultados abaixo de 70%. Desta forma, o combustível renovável pode ser considerado competitivo na média nacional, embora isso só seja verdade em uma parcela pequena do território brasileiro.

Se a ANP calculasse o valor nacional de ambos os combustíveis por meio de uma média simples entre os estados, o índice seria de 79,7% no mesmo período. Neste caso, o etanol não seria considerado competitivo, mas haveria outro tipo de discrepância, pois locais com maior consumo teriam recebido o mesmo peso de estados com pouca demanda.

O limite utilizado para determinar se o etanol é ou não competitivo, aliás, deriva da paridade energética entre os dois combustíveis, com o renovável somente sendo considerado economicamente vantajoso quando custa menos de 70% em relação ao cobrado por seu concorrente fóssil. No entanto, a regulagem dos motores flex varia entre os veículos, alterando o rendimento por litro com cada uma das opções. Assim, a porcentagem deve ser considerada apenas para embasamento geral.

Para completar, outro aspecto que pode mudar os resultados está nos municípios escolhidos para o levantamento. Segundo a ANP, a seleção de locais pela agência levou em consideração critérios econômicos. Entre as variáveis utilizadas estão: renda, população, número de postos revendedores e frota de veículos.

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Mudanças na amostragem

A ANP também comentou o motivo do número de municípios presentes na pesquisa mudar a cada análise. Os técnicos da agência citaram que, por ser um serviço complexo, foi elaborado um cronograma de implantação.

“Assim, nos primeiros meses após a contratação, a empresa prestadora do serviço conta com prazos para gradualmente expandir a abrangência geográfica da coleta de preços”, afirma e completa: “O contrato atualmente vigente passou a ser executado em 26 de setembro de 2022 e a pesquisa de preços teve seu prazo de implantação concluído em 23 de abril de 2023”.

Entretanto, embora dois meses tenham se passado após a conclusão deste prazo, a empresa Triad Research Consultoria e Pesquisa de Mercado ainda não divulgou um levantamento onde constem todas as 459 localidades previstas. “É possível que a abrangência geográfica sofra variações em determinadas semanas, devido a problemas operacionais pontuais”, justifica a ANP.

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Entre 11 e 17 de junho, por exemplo, a pesquisa chegou a 437 municípios. Já na semana de 18 a 24 de junho, o total foi de 440 cidades.

A quantidade de postos de gasolina e de etanol também não coincide nos levantamentos semanais, embora os mesmos locais comercializem ambos os produtos. Segundo a ANP, o número de pontos de venda de etanol tende a ser menor porque há locais sem o biocombustível.

“Questões ligadas a custos logísticos, por exemplo, podem impactar o preço do etanol e diminuir sua atratividade comercial frente à gasolina, fazendo com que os postos revendedores não ofertem o etanol”, afirma e completa: “Esta redução da atratividade comercial do etanol é observada principalmente em alguns estados da região Norte do país, que estão mais distantes dos polos de produção do combustível”.

Ainda assim, há diferenças em praticamente todos os estados. De 18 a 24 de junho, em São Paulo, o valor do etanol foi coletado em 1.210 postos; já o da gasolina comum foi observado em 1.226. No Amapá, por sua vez, apenas dois pontos de revenda de etanol foram observados, enquanto 22 continham gasolina comum.

Renata Bossle – NovaCana

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