Os postos têm sido vistos como vilões diante da escalada do preço da gasolina. Mas a realidade é bem diferente…
Nos últimos meses, a inflação voltou a mostrar as caras para os brasileiros. E em poucos lugares essa cara é mais feia do que nas bombas dos postos de combustíveis.
Entre janeiro e outubro, o preço aumentou 11 vezes, somando um crescimento de 73% para a gasolina e de 65,3% para o óleo diesel. E essa é uma conta que impacta tudo, da saída de 30 mil motoristas de Uber à comida que chega ao supermercado.
Para uma parcela enorme da população, a culpa por esses aumentos seguidos do preço dos combustíveis é do posto. Para eles, o “empresário malvadão” está aproveitando a oportunidade para ganhar rios de dinheiro às custas da população. Quem trabalha no setor e precisa contar os centavos na gestão dos postos sabe que isso está muito longe de ser a verdade.
? Mas, afinal de contas, de quem é a culpa pelo aumento dos preços dos combustíveis?
Como são formados os preços
Para responder à pergunta, precisamos primeiro entender como os preços dos combustíveis são formados. Existem X fatores importantes nessa equação:
1) O preço da matéria-prima
Tudo começa pelo preço do etanol, do diesel e da gasolina. No caso dos dois últimos, a origem do preço é a cotação do petróleo no mercado internacional. Como o Brasil, apesar de sua grande produção de petróleo, importa o produto, a Petrobras paga o preço da matéria-prima, em dólar, no mercado internacional.
Esse ponto já explica parte do aumento deste ano: uma despesa que sobe em dólar e tem um efeito muito maior para quem precisa pagar em reais.
2) A distribuição
Mas o preço pago pelas refinarias não é o preço final. O preço nas bombas depende do valor que é pago pelos postos quando compram das distribuidoras. Postos embandeirados, por contrato, podem comprar de uma única distribuidora.
Já postos de bandeira branca têm mais flexibilidade e podem negociar preços em todo o mercado.
Por que isso acontece? Porque postos embandeirados possuem a força da marca da distribuidora, de seu conhecimento de mercado e de suas ações de marketing e publicidade para se desenvolver. Em contrapartida, o combustível nesses postos acaba sendo um pouco mais caro do que em um posto de marca própria.
3) Impostos e contribuições
Como tudo no Brasil, os impostos têm uma força muito grande sobre o preço final dos produtos. Um levantamento realizado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) em abril mostra que o ICMS (imposto estadual) respondeu por 28,1% do preço da gasolina no Brasil – e esse índice está constante há alguns anos.
⛽ Ainda assim, mais de um quarto do valor que o consumidor vê na bomba de combustível é imposto pago ao governo.
O Custo da Mercadoria Vendida (CMV) – que é o produto em si – representa 35,6% do preço final.
Não é uma distância tão grande assim, convenhamos.
Mas não é só isso: sobre o preço dos combustíveis também incidem PIS, Cofins e Cide, três impostos federais que são cobrados na venda do produtor para o distribuidor e, no caso do etanol, também na venda do distribuidor para o posto. As alíquotas variam de 3,75% (PIS para etanol) a 23,44% (Cofins para gasolina).
Sem caprichar na conta, a conclusão é: dependendo do caso, impostos e contribuições têm um peso semelhante ao do CMV na formação do preço dos combustíveis.
4) Despesas operacionais
Em uma conta “de padaria”, algo como 65% a 70% do preço dos combustíveis vem do próprio produto e dos impostos. Então 30% a 35% ficam com o “empresário malvadão”, certo? Errado!
Como qualquer negócio, o posto opera com despesas operacionais que precisam ser pagas: impostos do terreno, água, energia, funcionários, tecnologia, internet, marketing, taxas de franchising etc. Sem isso, é impossível vender. Então é preciso adicionar essas despesas, que variam de acordo com cada operação.
Neste ponto, o posto tem uma contribuição a dar para segurar os aumentos de preços. A eficiência na gestão, uma operação produtiva, boas negociações de taxas com as operadoras de cartão, revisão dos sistemas elétricos, uso de fontes de energia renovável e treinamento dos profissionais para reduzir custos onde for possível são medidas que, quando somadas, impedem um aumento ainda maior do preço final dos combustíveis.
Como prosperar?
O posto de combustíveis é o último elo de uma longa cadeia que começa na extração do petróleo, passa por seu refino e distribuição e chega à comercialização. Ao mesmo tempo, é aquele que está mais visível, já que o consumidor não compra gasolina na distribuidora nem usa petróleo bruto em seu carro.
Como parte do preço é formado no mercado internacional e parte são impostos, só há dois caminhos: ou os governos fazem um esforço concentrado para diminuir seu peso sobre a população (momento para seu comentário irônico…) ou os postos trabalham para aumentar a eficiência e produtividade do negócio.
Nessa linha, é preciso repensar o negócio e criar outros caminhos, como aumentar o controle sobre a operação para reduzir desperdícios e partir para novas fontes de receita, como as lojas de conveniência e outras operações de varejo ou serviços na área do posto, ou mesmo a venda de mídia out-of-home nos moldes do que a legislação de cada cidade permite.
O cenário atual do varejo de combustíveis não é simples, empreender no Brasil, menos ainda. Mas o operador do posto é, acima de tudo, um forte: sua criatividade e disposição para inovar fará toda a diferença em como você irá passar por este momento turbulento, encontrar diferenciais competitivos e conquistar os clientes.
Escrito por Joao F. R. Oliveira
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