Atualmente, a diferença está em 18%, o equivalente a 60 centavos de real em média por litro, de acordo com o boletim desta terça-feira, 19, da Abicom (Associação Brasileira de Importadores de Combustível).
Inflação
A gasolina é um item que recebe bastante atenção do governo por ter impacto direto na inflação e o reajuste ser percebido quase que automaticamente pela população. No ano passado, o subitem que mais contribuiu para a alta dos preços foi, justamente, o combustível. A alta foi de 12,09% em 2023, o que correspondeu a 0,56 ponto percentual de peso no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), que fechou o ano passado em 4,62%.
Vale lembrar que de agosto para cá, a gasolina sofreu apenas mais uma ajuste de preço promovido pela Petrobras. A petroleira reduziu o preço do combustível em outubro do ano passando quando a diferença entre o valor praticado pela estatal e o PPI estava praticamente zerado.
Ainda de acordo com o levantamento feito pela Abicom, desde o início deste ano, a petroleira tem praticado preço em defasagem com o PPI. No entanto, a diferença se aprofundou sensivelmente desde o início de março. Nos últimos cinco dias, o movimento se acelerou ainda mais com uma disparada do preço do petróleo tipo Brent (referência para a Petrobras), que avançou 6,70% no período.
Certamente, a Petrobras ainda pode segurar uma mudança na bomba de gasolina por algum tempo, mas terá de contar com um arrefecimento no preço internacional do combustível. Além disso, com a popularidade do governo nos piores níveis desde o início de 2023, é possível que o governo opte por sangrar a estatal algum tempo para evitar o reajuste. Mas quanto mais demora, mais caro ficará o ajuste no futuro.
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Preço do petróleo tende a subir, segundo analista do setor
Os aumentos nos dois combustíveis mais consumidos estão superando os do petróleo bruto em alguns dos mercados mais importantes do mundo. Os futuros da gasolina nos EUA tiveram forte alta nas últimas semanas e já aumentaram mais de um quinto até agora este ano, enquanto o diesel na Europa subiu 10%.
As interrupções nas principais rotas comerciais do mundo, o fechamento de refinarias e a demanda ressurgente estão elevando os preços globais dos combustíveis e tornando as previsões difíceis às vésperas de uma eleição presidencial nos Estados Unidos, na qual a inflação será uma questão-chave.
Os lucros das refinarias também estão acima das normas sazonais em muitas regiões, um sinal de escassez à medida que o período de viagens de verão no hemisfério norte se aproxima. As interrupções na produção de combustíveis – uma combinação de trabalhos programados, paralisações não planejadas e ataques de drones a instalações russas – têm elevado os preços.
Petrobras: fala de Lula ainda reverbera e mais um temor surge com alta do petróleo
“Eu tenho um compromisso com o povo brasileiro que é reduzir o preço da gasolina, o preço do combustível, o preço do gás de cozinha e o preço do óleo diesel”.
A Petrobras, cabe lembrar, anunciou em maio do ano passado a sua nova política de preços de combustíveis, com o fim da política de paridade de importação. Os novos termos geraram dúvidas no mercado, mas elas foram ganhando mais ou menos peso no mercado conforme a estatal reajustava os preços e se aproximava dos valores internacionais.
A companhia e o CEO Jean Paul Prates têm destacado que a nova política também visa não repassar a conhecida volatilidade da commodity. Isso já fez com que a companhia também tenha praticado valores acima dos internacionais desde que a política foi implantada, mas também acabou gerando dúvidas sobre até quando a companhia vê como razoável segurar os preços.
Em um contexto sem reajuste da gasolina há 151 dias e com as recentes falas de Lula, os investidores vão monitorar cada vez mais os movimentos da Petrobras nesse quesito. Segundo dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a diferença dos preços da Petrobras na comparação com os preços praticados no Golfo do México era de 19% na segunda-feira, 18, enquanto o diesel S10, sem reajuste há 84 dias, registrava preço 13% menor do que no exterior.
Para a Genial Investimentos, que via até semana passada um deságio menor (de R$ 0,07 o litro de gasolina e de R$ 0,15 o litro do diesel), o mais importante a monitorar é o impacto das falas do presidente Lula.
“Excluindo toda a discussão acerca dos dividendos extraordinários, aparentemente o presidente novamente criticou a politica de paridade de preços internacionais, dizendo que não faria sentido existir essa equiparação. (…) A questão da paridade vai muito além do senso comum de ‘se o petróleo é brasileiro, então os preços deveriam ser nacionalizados’”, avalia a casa, ressaltando que resta acompanhar as próximas semanas, a movimentação do mercado e a orientação que a empresa seguirá.
Já o Itaú BBA apontou que, na semana passada, a maior parte dos fatores de preços internacionais subiram, especialmente os crack spreads da gasolina – a diferença de preço entre um barril de petróleo bruto e um barril de gasolina, um indicador das margens brutas – que dispararam 38% na base semanal com sinais de forte demanda de verão nos Estados Unidos, bem como pelo forte declínio na utilização de refinarias nas regiões Centro-Oeste e Costa do Golfo. O declínio da utilização também está afetando os estoques.
“Como resultado desses fatores, nossas faixas estimadas de preços para a gasolina continuaram a aumentar, levando os preços da gasolina da Petrobras a serem posicionados abaixo do limite inferior de nossas faixas de preço pela primeira vez em seis meses. Em relação ao diesel, os preços da Petrobras ainda estão dentro da faixa, mas agora mais perto da extremidade inferior”, avalia o BBA, ponderando que a empresa poderá avaliar os parâmetros de seus estratégia comercial diferente das suas estimativas.
“A Petrobras sempre defendeu evitar fazer ajustes rápidos (tanto para baixo e para cima) para evitar a transmissão da volatilidade dos preços internacionais para o consumidor”, reforça o banco, lembrando também que esta tendência de preços ascendentes da commodity deverá persistir durante pelo menos alguns dias.
O BBA avalia que, no contexto das falas recentes do presidente sobre paridade de preços, o aumento dos crack spreads poderia colocar novamente alguma pressão sobre este tópico, já que em algum momento a Petrobras teria que fazer o reajuste. Tanto Genial quanto BBA têm recomendação neutra ou equivalente para os papéis da estatal.
Arbitragem – RELATÓRIO ABICOM – PPI X PREÇO DOMÉSTICO – 19/03/2024
Premissas: o preço de paridade de importação (ppi) foi calculado usando como referência os valores para gasolina, óleo diesel, câmbio, RVO e frete marítimo nas cotações, considerando os fechamentos do mercado no dia 18/03/2024.
Cenário: com a ligeira alta no câmbio e a valorização dos preços de referência do óleo diesel e da gasolina no mercado internacional no fechamento do dia útil anterior, o cenário médio de preços está abaixo da paridade para o óleo diesel e na paridade para gasolina. Defasagem média de -13% no Óleo Diesel e de -18% para a Gasolina.
Câmbio: Ptax fechou na última sessão, operando em patamar elevado e pressionando os preços domésticos dos produtos importados. Fechamento em R$5,02U$.
Petróleo: A oferta apertada segue pressionando os preços futuros. No momento, futuros do Brent são negociados acima dos U$86/bbl.
ÓLEO DIESEL A S10
84º Dia de Vigência do Redução Linear Médio de R$ 0,30/L nos preços Petrobras (27/12/23).
Na última quarta a Acelen, no Polo Aratu-BA, não alterou o preço do óleo diesel A
O mercado internacional e o câmbio pressionam os preços domésticos. PPI acumula aumento de R$0,26/L desde o último reajuste nos preços da Petrobras.
Arbitragem considerando os 6 principais polos descritos no quadro abaixo encontra-se: desfavorável na média de:
-R$0,51/L, variando entre -R$0,57/L a -R$0,42/L, a depender do polo de operação.
84 Dias de janelas fechadas, na média, para o óleo diesel A
Os preços médios do Óleo Diesel A, exceto em Aratu, operam abaixo da paridade nos demais polos analisados.
GASOLINA A
151º Dia de Vigência da Redução Linear Média R$ 0,12/L nos preços Petrobras (21/10/23).
Na última quarta a Acelen, no Polo Aratu-BA, aumentou o preço da gasolina A em: R$0,0013/L
O mercado internacional e o câmbio pressionam os preços domésticos. PPI acumula aumento de R$0,37/L desde o último reajuste nos preços da Petrobras.
Arbitragem considerando os 6 principais polos descritos no quadro abaixo encontra-se: desfavorável na média de:
-R$0,60/L, variando entre -R$0,71/L a -R$0,40/L, a depender do polo de operação.
43 Dias de janelas fechadas, na média, para a gasolina A
Os preços médios da Gasolina A operam abaixo da paridade em todos polos analisados.
Obs.: As defasagens indicadas nos quadros abaixo refletem as comparações dos preços das refinarias nacionais de hoje com o PPI calculado considerando importações negociadas no dia útil anterior. Os estoques atuais estão precificados em bases diferentes que podem ser mais altas ou baixas.