Uau! Acho que, se contassem para alguém, no ano de 1900, que em 2014 as pessoas não voariam, mas seriam capazes de superar a barreira do tempo-espaço com apenas um clique, conectando-se simultaneamente em uma grande rede virtual, será que nossos amigos daquele tempo acreditariam?
Outro dia, em umas de minhas viagens a São Paulo, tive o grande prazer da companhia de minha avó Arlette, figura ímpar, curiosa e profunda admiradora dos mistérios do mundo. Desde criança, sempre tivemos longos papos existenciais, de OVNIS e filosofia a Jesus Cristo.
Nesse dia, em nossa longa jornada, começamos a conversar sobre um tema do qual, por mais que seja amplo e com diversos pontos de vistas, nós empreendedores somos reféns: a grande dependência operacional digital. Criamos um sistema onde tudo está conectado de alguma maneira.
Contudo, de alguma forma, em 1900, também não estávamos? Claro que sim, mas com uma capacidade de capilarização infinitamente menor. Hoje com um simples clique a informação pode ser multiplicada muito rapidamente. Às vezes, mais rápido que num piscar dos olhos.
E, com base nisso, depois de muitas risadas, chegamos à conclusão de que a única diferença entre o ontem de 1900 e o hoje de 2014 é a velocidade. Talvez conseguimos, em parte, viajar no tempo. Imagine que no fim do século 18 o sujeito para mandar um documento precisava mandar alguém a cavalo, atravessando todo tipo de dificuldade digna da trilogia do Senhor dos Anéis e ainda corria o risco de não conseguir chegar ao seu destino. Hoje, com um clique aqui, a informação está do outro lado do planeta.
Legal, né? Mas, infelizmente, nós ainda não conseguimos entender como lidar com isso. Talvez a geração do meu filho saiba. Ou, pelo menos, para ele, esse estado de coisa seja algo natural. Mas meu motivo todo dessa história é para falar sobre fidelidade. Quando vim morar em Santa Cruz do Rio Pardo, para mim a maior mudança foi perceber que, por aqui, as pessoas confiam umas nas outras. Não que isso seja impossível na capital. Porém, em uma cidade do interior de quase 44 mil habitantes, algumas coisas que foram perdidas nas relações, de um modo geral, ainda são preservadas.
E eu gostaria de compartilhar um case de CRM, que, para mim, de longe é de sucesso, pela simplicidade e a capacidade de fidelização.Próximo ao centro da cidade, um sujeito chamado Luis Augusto e seu irmão arrendaram um terreno, montaram uma grande horta e colocaram um banca próxima à calçada.
Comecei a frequentar porque, no fundo, o sonho romântico de todo paulistano em fase de desintoxicação da capital é comprar alimentos frescos e direto da horta. Pois bem, para minha surpresa, na quinta ou sexta vez que fui comprar na barraca, o Luis Augusto me disse: “Patrão, como você está sempre vindo aqui, vou deixar um caderno com você. Tudo que você pegar, nós somamos, anotamos e você paga no final do mês.”
Não preciso nem dizer que virei cliente assíduo e multiplicador de seus produtos. Lógico que, para esta relação de fidelidade funcionar, é necessária uma série de fatores envolvidos. Não é simplesmente dar uma caderneta porque aí você pode correr um grande risco de seu negócio ir por água abaixo. Mas criar fidelidade pode ser tão simples quanto oferecer uma antiquada caderneta. Pense.